DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO VÍRUS ZIKA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (2013-2016)
Zika. Rio Grande do Norte.
O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus pertence à família Flaviviridae e ao gênero Flavivirus. Nos últimos anos, o vírus Zika se dispersou globalmente e ocasionou um grande impacto na saúde pública mundial devido à sua associação com casos de microcefalia, mal formações congênitas e Síndrome Guillain-Barré. O Rio Grande do Norte (RN) foi um dos primeiros Estados onde o vírus foi incialmente detectado no Brasil, provavelmente devido ao turismo, ao alto grau de infestação do Aedes aegypti e precariedade do saneamento ambiental dessa região. Atualmente, casos de doença exantemática e casos graves ainda são notificados no Estado. A presença desse arbovírus no RN, a notificação de casos graves e a possível introdução do vírus no Brasil durante a Copa das Confederações de 2013, serviram de motivação para a realização desse estudo que buscou traçar um perfil epidemiológico e realizar a caracterização molecular do vírus Zika no Estado do Rio Grande do Norte, durante o período de junho de 2013 a dezembro de 2016. Durante esse período, um total de 814 foram analisadas através da técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase em tempo real (qRT-PCR). A infecção pelo ZIKV foi confirmada em 8,97% (73/814) dos casos estudados. A análise da distribuição geográfica do vírus constatou sua circulação em 16 municípios. Os municípios que apresentaram maior número de casos foram Natal e Parnamirim. A maior incidência de casos positivos foi registrada nos meses de março, abril e maio de 2015. Uma maior incidência da infecção pelo vírus foi observada em pacientes do sexo feminino e todas as faixas etárias apresentaram praticamente as mesmas taxas de incidência da infecção. A análise filogenética das sequências estudadas confirmaram que os vírus circulantes no Estado pertencem a linhagem Asiática. Ao realizar a análise estrutural da proteína (E) de uma cepa viral circulante no Estado, foi verificada a substituição do aminoácido Lisina na posição 156 (Lys156) que está próxima a um importante sítio de glicosilação (Asn154) do vírus. O perfil epidemiológico traçado nesse estudo, fornece subsídios necessários para entender a dinâmica desse grave problema de saúde no Estado e as análises genéticas são fundamentais para a compreensão de aspectos biológicos do vírus.