ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR À SALA DE AULA
Formação de professores. Ensino de Língua Materna. Metodologia de ensino.
A reflexão crítica sobre a escola e os fazeres docentes tem favorecido a produção e a sistematização de novos saberes alicerçados em fundamentos científicos, notadamente sobre as práticas pedagógicas. No ensino de Língua Portuguesa, as pesquisas buscam compreender o que e como se ensina e se aprende durante a escolarização. Nessa perspectiva, realizamos um estudo sobre a formação do professor de Língua Portuguesa e suas implicações na sala de aula, procurando observar a atuação dos alunos-mestres no contexto escolar, durante a realização dos Estágios Supervisionados. Para tanto, elegemos como objetivo geral, investigar como o curso de licenciatura em Letras da UFRN / CERES / Campus de Currais promovia a formação de futuros professores para atender às expectativas das políticas públicas para o ensino de Língua Materna. Tomamos como referencial os PCN, o projeto político pedagógico do curso e autores da área de ensino de Língua Portuguesa e de Educação, dentre eles, Geraldi (1996), Travaglia (1996, 2003), Antunes (2003, 2007, 2009 e 2010), Lomas (2003), Figueiredo (2005), Marcuschi (2001, 2008), Riolfi et al. (2008), Possenti (2003), Alarcão (1996, 2001) Imbernón (2011), Pimenta (2010) e Shön (1993). O estudo está situado no âmbito da Linguística Aplicada e caracteriza-se como pesquisa qualitativa de natureza interpretativista, a partir de uma abordagem de inspiração etnográfica do ambiente do estágio supervisionado. Nos resultados constatamos que os alunos-mestres privilegiam o ensino prescritivo, fundamentado numa concepção de língua como sistema, direcionando o ensino de língua na contramão da abordagem funcionalista (língua / uso), distanciando-se consideravelmente da proposta de formar um aluno crítico e agente de transformação. No que diz respeito à visão dos alunos-mestres sobre o curso, foram elencadas algumas questões relevantes, dentre elas, o caráter conteudístico do curso, a distribuição da carga horária dos componentes curriculares, a revisão das ementas, a oferta de disciplinas de inclusão social, a reorganização das atividades de estágio em relação ao acompanhamento e orientação aos alunos-mestres e, especialmente, a desarticulação teoria / prática que foi considerada como responsável por muitas das dificuldades encontradas pelos referidos alunos na fase de regência de classe nos níveis de ensino fundamental e médio. Desse modo, a partir da análise destes significados construídos pelos alunos-mestres sobre o processo de formação nessa licenciatura de Letras, constatamos a necessidade de uma reestruturação do projeto do curso, em virtude do mesmo apresentar estas fragilidades que precisam ser revistas em função da melhoria da qualidade do ensino de graduação.