PLANO DE TEXTO E ORIENTAÇÃO ARGUMENTATIVA: ACUSAÇÃO E DEFESA NO IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF
Análise textual dos discursos. Plano de texto. Orientação argumentativa. Acusação no impeachment de Dilma Rousseff. Defesa no impeachment de Dilma Rousseff.
Investigamos nesta tese como se estabelece a relação entre o plano de texto e a orientação argumentativa em textos de acusação e de defesa no processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Vana Rousseff. O plano de texto e a orientação argumentativa constituem dois níveis de análise propostos pelo quadro teórico-metodológico da análise textual dos discursos (ATD), abordagem desenvolvida por Jean-Michel Adam (2011). Foi realizada uma análise linguística com o objetivo de relacionar esses dois níveis, em que, no nível 5 (N5), temos a estrutura composicional, sequências e planos de texto, e no nível 8 (N8), os atos de discurso (ilocucionários) e a orientação argumentativa. Impeachemnt é um processo político-administrativo que culmina na destituição de autoridades e as inabilita para o exercício de função pública quando cometido crime de responsabilidade, tendo fundamentação jurídica. O corpus é constituído por textos de dois documentos do referido processo, os quais, a denúncia, peça acusatória que deu início ao processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, que culminou com o seu impedimento e a resposta à acusação, peça de defesa da denunciada, documentos importantes da recente história do país. Objetiva, assim, investigar como se estabelece a função argumentativa do plano de texto e, mais especificamente, identificar e descrever o plano de texto dos documentos; descrever a relação dos dois níveis de análise textual, plano de texto e orientação argumentativa, a partir de seus elementos linguísticos; analisar como ocorre a relação do plano de texto com a argumentação. A fundamentação teórica da pesquisa baseia-se no quadro geral da Linguística Textual (LT), no eixo dos Estudos Linguísticos do Texto e nos pressupostos da Análise Textual dos Discursos (ATD), que é estudada no Brasil, dentre outros pesquisadores, por Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010, 2012, 2014), na área de concentração da Linguística Teórica e Descritiva, do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem - PPgEL, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. No que se refere à argumentação, o estudo se apoia em Aristóteles (1969 [384-322 a.C]), Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996), Koch (2009, 2011), Pinto (2010), Fiorin (2014, 2015), Amossy (2014, 2018) e Adam (2014). Além da categoria do plano de texto, analisamos também as marcas linguísticas da argumentação através das categorias: pressuposição, modalidades do discurso, operadores argumentativos e autoridade polifônica. Esta pesquisa caracteriza-se por sua natureza documental, qualitativa e descritiva, bem como o uso do método dedutivo e indutivo com uma interpretação analítica. Os resultados preliminares apontam que o plano de texto dos documentos apresenta estratégias argumentativas que se especificam de acordo com os objetivos de acusar e de defender. São planos de texto fixos constituídos de uma estrutura composicional de sequências narrativas, descritivas, explicativas e predominantemente argumentativas, determinando, assim, a orientação argumentativa.