A PRODUCAO DA VIDA NAS TEIAS INVISIVEIS DA AMIZADE: uma cartografia no campo das drogas com jovens universitarios
Amizade; drogas; cuidado; jovens universitários
Esta pesquisa-intervenção cartográfica parte da seguinte questão: o que pode a experimentação ética e política da amizade e as redes de apoio para a produção práticas e estratégias de cuidado entre jovens universitários que consomem múltiplas drogas? Nesta investigação, buscamos: a) produzir e acompanhar um dispositivo grupal composto por jovens universitários que consomem drogas; b) cartografar modos de consumo, de gestão do consumo de múltiplas drogas e de cuidado de si articulados com a coletivização de experiências; c) identificar estratégias de cuidado compartilhado, na perspectiva da redução de danos, mapeando a produção e fortalecimento de redes de apoio e sociabilidade que se articulem com uma experimentação ética e política da amizade. Interrogando a concepção de amizade entre pessoas que usam drogas como “fator de risco” - endossada pela lógica proibicionista - nos interessamos por experiências que anunciam suas potências éticas, estéticas e políticas que revelam a produção de cuidado, de saberes, da vida e do viver em suas múltiplas formas de existência e expressividade. Neste caminho, utilizamos dispositivos grupais e entrevistas cartográficas e, como meio de análise, diários de bordo (individuais e coletivos) narrativas escritas a partir dos diários e encontros coletivos. Apresentamos as análises em quatro hifas: I) o dispositivo-droga e as marcas da colonialidade em nós e entre nós; II) o dispositivo-droga na universidade e pistas para uma descolonização de saberes a partir das amizades; III) por uma ética e uma política da amizade no cultivo de relações e modos de vida não fascistas e IV) produzir vidas, construir mundos. Por fim, concluímos que as relações de amizade produzem teias de vida, de saberes e de cuidado. Além disso, estas relações aparecem como ameaçadoras a regimes conservadores ao produzirem campos de experimentação coletiva de criticidade em torno da hegemonia e do instituído e de novas percepções criativas de mundos.