PENSANDO A PSICOLOGIA POR FEIRAS LIVRES BRASILEIRAS
feiras livres, cidades, psicologia
A presente tese se volta às feiras livres brasileiras, enquanto espaço público, cenário social e campo de produção de saberes para, a partir de algumas de suas práticas cotidianas e dos discursos “psi” sobre elas, pensar as psicologias possíveis de serem percebidas e praticadas nas feiras. Aliado a isso, também problematiza o que se coloca em funcionamento quando a psicologia se encontra com as feiras, na intenção de inventariar alguns efeitos das engrenagens de saber-poder que têm incidido nas feiras, cidades e subjetividades. Para tanto, empreendeu-se uma composição entre a arqueologia e a genealogia foucaultianas, a partir de dois movimentos: (I) revisão da produção sobre feiras livres nas ciências humanas e na psicologia, na direção de mapear as discursividades que emergem sobre as feiras livres e acompanhar as intervenções urbanas que, historicamente, têm sido direcionadas às feiras e; (II) experimentações na Feira do Alecrim, em Natal, Rio Grande do Norte, e na Feira do Produtor Rural, em Boa Vista, Roraima, com etapa etnográfica. As ramificações das análises ocorrem em três eixos: (I) a imbricação e interdependência entre as feiras e as cidades, principalmente nas práticas de colonização brasileira; (II) a perpetuação da condição de precariedade, a partir do conceito de Judith Butler, e as violações da vida de quem faz e vive as feiras brasileiras: as mulheres, as/os trabalhadoras/trabalhadores, as infâncias, a xenofobia e os racismos e; (III) as feiras enquanto práticas de resistência e invenção da vida, em suas sociabilidades, sustentabilidades e enfrentamento ao neoliberalismo e à indiferença ao mundo. Por fim, no que se reúne sobre as feiras brasileiras, ressalta- se sua relevância e pertinência nas cidades contemporâneas e, aderindo a uma perspectiva institucionalista, os caminhos possíveis para desencaminhar o presente da psicologia.