Aspectos psicossocioambientais da condição de refugiados: um estudo sobre venezuelanos indígenas Warao em Natal/RN
refugiados, Warao, relação pessoa-ambiente, psicologia ambiental
A mobilidade dos povos Warao pela América-latina criam novas relações com o território. A migração forçada e a vida em uma cidade de refúgio faz com que as comunidades tradicionais se deparem com relações humano-ambientais diferentes das vividas em uma terra de origem. Essa pesquisa aborda os aspectos psicossocioambientais na vida dos Warao vivendo em Natal (RN), com o objetivo de identificar elementos que compõem o processo de apropriação do espaço urbano e analisar os processos de identidade e apego ao lugar de indígenas Warao, considerando o seu atual local de refúgio (Natal/RN). Trata-se de um estudo qualitativo, que utilizou a metodologia da Autobiografia Ambiental, para acessar a experiência do contato do indivíduo com o local habitado. Para análise dos dados, foi utilizada a Teoria Fundamentada nos Dados. Os resultados apontam para uma maior dificuldade de apropriação do espaço da cidade na condição de estrangeiro, mas que não elimina totalmente a possibilidade de construir tal vínculo. A identidade de lugar se expressa na cultura de vizinhança preservada dentre o grupo comunitário, carregando consigo o território subjetivo tradicional por onde quer que vá, bem como, ao carregar o território subjetivo na manutenção estética e laboral da construção do artesanato ancestral. O apego ao lugar se expressa em situações de vinculação com locais, desde que o grupo comunitário não seja separado. Foram criados novos hábitos em contato com o território da capital potiguar, tais como, a vinculação a uma nova religião depois que chegaram na cidade. Outro dado percebido é que o local de moradia (CARE) ainda preserva muitos hábitos tradicionais da cultura Warao, sendo o lugar onde se cozinha a comida típica e se mantém a comunicação em idioma ancestral.