A PRÁXIS PRODUZIDA PELOS AGENTES SOCIOEDUCATIVOS NO CONTEXTO DA PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
socioeducação; práxis; adolescentes; privação de liberdade, Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo.
O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), ao mesmo tempo em que possui um caráter sancionatório voltado ao adolescente que comete ato infracional, traz como finalidade pedagógica a socioeducação dos adolescentes. Essa ambivalência de papéis é identificada quando se analisa o trabalho desenvolvido pelo agente socioeducativo, sobretudo nas unidades de privação de liberdade. Nesse sentido, essa pesquisa teve como objetivo geral analisar a práxis produzida pelos agentes socioeducativos no contexto da privação de liberdade do Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) do Pitimbu, localizado no município de Parnamirim-RN. Para isso, identificou-se o perfil sociodemográfico e o tipo de formação dos agentes socioeducativos da privação de liberdade; caracterizou-se a prática socioeducativa desenvolvida pelos agentes socioeducativos do CASE Pitimbu e analisou-se as concepções de socioeducação que fundamentam a prática desses agentes. Como método investigativo, buscou-se inspiração no materialismo histórico dialético, procurando analisar o movimento real do objeto, identificando as mediações necessárias para compreendê-lo. A pesquisa, de abordagem qualitativa, utilizou, como técnicas de coleta de dados: a pesquisa de campo, onde foi possível observar a rotina do trabalho desenvolvido; a aplicação de questionários com os agentes socioeducativos que atuam no CASE Pitimbu, que objetivou traçar um perfil sociodemográfico dos agentes da unidade; bem como a realização de entrevistas semiestruturadas realizadas. A análise de dados se deu por meio de núcleos de significação. A partir da organização do material coletado (das entrevistas e dos dados obtidos nos questionários), foram levantados indicadores que revelaram sentidos e significados importantes, considerando os objetivos da pesquisa. Após a análise dos dados, foi possível identificar, a partir da caracterização do trabalho dos agentes, que no cotidiano das unidades há uma priorização da lógica da segurança em detrimento da socioeducação. Isso reflete não só a concepção que os agentes formulam sobre o papel que exercem no sistema socioeducativo, como também na maneira como são enxergados. Assim, a autora traz o conceito de socioeducação de cobogó para exemplificar as contradições entre as concepções de socioeducação e segurança que se revelam no trabalho desempenhado pelos agentes na Unidade de privação de liberdade.