QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E TERCEIRIZAÇÃO: O OLHAR DOS TRABALHADORES
terceirização, precarização do trabalho, ergonomia da atividade, clínica da atividade, qualidade de vida no trabalho.
O objetivo geral desta pesquisa de mestrado foi analisar os aspectos centrais da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) de empregados terceirizados que atuam numa instituição pública de ensino superior. O cenário da globalização traz como consequência a intensificação da terceirização e a flexibilização dos contratos de trabalho, que resultam no aprofundamento da precarização do trabalho e enfraquecimento das relações laborais. O estudo se deu pela da investigação do trabalho prescrito, do trabalho real e das percepções dos trabalhadores sobre os elementos geradores de bem-estar e mal-estar relacionados ao desempenho das atividades em regime de terceirização. Trabalhou-se de forma sinérgica com a Ergonomia da Atividade Aplicada a Qualidade de Vida no Trabalho (EAA_QVT) e a Clínica da Atividade, perspectivas de natureza contra-hegemônica na psicologia do trabalho brasileira. Foi realizado um diagnóstico de QVT pautado na Análise Ergonômica do Trabalho (AET) em três etapas de investigação: a) análise documental, b) observações e b) grupo focal. Verificou-se que os terceirizados ganham menos, têm maior instabilidade no emprego e possuem jornada de trabalho menos flexível se comparados aos servidores; além disso, não recebem incentivo para desenvolvimento profissional e são fortemente fiscalizados ao mesmo tempo pela prestadora de serviços e pela instituição contratante. Portanto, a precarização atinge a todos, mas os terceirizados estão numa condição pior que os demais, com impactos no campo político, na ação coletiva e organização sindical, e na saúde do trabalhador. Este trabalho contribuiu para a compreensão de particularidades sobre a realidade do trabalhador terceirizado a partir de uma análise crítica do trabalho, sobretudo em termos de precarização e QVT.