A medicalização na Educação e a formação inicial do pedagogo
Medicalização na Educação. Psicologia Histórico-Cultural. Formação Inicial. Pedagogia.
O processo de medicalização consiste na transformação de questões sociais, políticas e culturais, complexas e multifatoriais, em transtornos psiquiátricos ou outras doenças, sob um determinismo biológico. Tal compreensão também afeta a Educação, a partir da medicalização de crianças e adolescentes que não se encaixam em padrões uniformes e homogêneos de normalidade aplicados ao aprendizado. Estudos apontam que os professores que não estão conscientes do fenômeno da medicalicalização na Educação, encaminham seus alunos para diagnóstico de patologias e não procuram elaborar práticas pedagógicas que procurem abarcar a heterogeneidade das formas de aprender dos alunos, as quais representariam importante caminho para o enfrentamento desse fenômeno. Para que isso seja possível é necessário inserir o tema da medicalização na formação inicial e continuadas dos professores, de forma que seja estudado conceitualmente e discutido no decorrer das práticas desenvolvidas por meio dos estágios e atuação profissional. Nesta perspectiva, tendo em vista a formação de pedagogos em curso presencial desenvolvido por universidade pública de Natal/RN, e se valendo do referencial teórico da Psicologia Histórico-Cultural, que tem como método o materialismo histórico-dialético, a presente pesquisa foi elaborada com o objetivo de investigar o processo de ensino e aprendizagem do conceito científico medicalização da Educação na formação inicial do pedagogo. Trata-se, portanto, de experimento formativo baseado na proposta de Davydov, que ocorreu entre agosto e dezembro de 2016, com uma turma de 21 estudantes do sexto período do curso de Pedagogia presencial da referida universidade. O experimento foi desenvolvido em 16 aulas semanais, distribuídas em três etapas, precedidas do levantamento sobre o conhecimento detido a respeito da medicalização. Foram desenvolvidos sete trabalhos escritos pelos estudantes, objeto de análise posterior, e o registro das atividades foi feito através de diário de campo. O levantamento inicial revelou que os estudantes não tinham consciência sobre o que era medicalização e nem da relação da Educação com esse fenômeno, possuíam pouca informação sobre as doenças relacionadas ao não aprender e acerca do uso de medicamentos, bem como naturalizavam o diagnóstico. O experimento pedagógico possibilitou a compreensão de que o enfrentamento ao fenômeno deve envolver o professor, ter início pela compreensão crítica do mesmo, bem como que é necessário elaborar práticas pedagógicas humanizadas, focadas na diversidade e na singularidade dos indivíduos, ao invés de diagnosticar e rotular. A utilização de recursos lúdicos na prática pedagógica foi apontada como possibilidade para atingir esses propósitos.