DESAFIOS DA TRAJETÓRIA DA PSICOLOGIA NOS CENTROS DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS
psicologia; assistência social; CRAS; atuação.
Esta pesquisa se propõe a investigar a trajetória da prática do/a psicólogo/a no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, considerando mais de uma década de inserção nesse campo, a entrada expressiva de profissionais, os dilemas frente às demandas sociais e as (in)definições da política do SUAS. Diante disso, objetivou-se analisar a trajetória da prática da Psicologia na Proteção Social Básica do SUAS. Especificamente procurou-se identificar o perfil e inserção das/os psicólogas/os que atuam nos CRAS; caracterizar as ações e atividades desenvolvidas, e problematizar os desafios da atuação da Psicologia na Assistência Social. Para alcançar os objetivos propostos foi realizado um mapeamento das/os psicólogas/os vinculados aos CRAS do Município de Natal/RN e em seguida realizou-se entrevistas semi-estruturadas com 10 psicólogas que atuam nesse serviço socioassistencial. Os dados foram sistematizados e analisados a partir da inspiração marxiana. Esses dados foram relacionados e problematizados a partir de uma pesquisa realizada em 2007-2008 pelo Grupo de Pesquisa Marxismo & Educação (GPM&E), que também pesquisou as atividades dos psicólogos nos CRAS da região metropolitana de Natal. De modo geral, os resultados apresentaram o mesmo perfil profissional, oriundas em sua grande maioria de instituições de ensino superior privada, grande parte com formação complementar na área da Saúde e da Clínica, bem como suas experiências anteriores aos trabalhos na Assistência Social ocorreram majoritariamente na Clínica, juntamente com experiências nos CRAS. No que diz respeito a inserção no CRAS, a maioria são recém-contratadas e se inseriram nesses espaços pela oportunidade de trabalho. As principais atividades realizadas são voltadas para as atividades socioassistenciais, como grupos; encaminhamentos; visitas domiciliares; articulação com a rede; serviços assistenciais; Cadastro Único e do CRAS; atendimento psicossocial ou individualizado e acompanhamento às famílias. Foi identificado que existe demandas exclusivas para a Psicologia no CRAS, que chegam até o serviço em busca de acompanhamento psicológico, em decorrência da falta de serviços na rede que atenda essa demanda específica. As particularidades da Psicologia na Política de Assistência Social estão relacionadas a não fazer psicoterapia; realizar trabalho coletivo/comunitário; desenvolver trabalho psicossocial; a indefinição de funções com outros técnicos; realização de trabalho com a família e trabalho diferente da formação individualizada e elitista da Psicologia. Através dos resultados foi perceptível a necessidade de contribuir com análises e problematizações que apresentam os desafios e possibilidades para a profissão avançar nos debates, bem como, proposições teóricas e metodológicas que possam consolidar e fortalecer a atuação nesse campo social.