Formação do vínculo pai-filho no puerpério: a construção de uma escala de verificação do apego em pais.
Paternidade; Vínculo; Apego; Psicometria.
Uma das consequências da pouca atenção que se dá a saúde do homem é que ele não possui espaços
para falar sobre as situações de conflito, como tornar-se pai. Ademais, culturalmente, é atribuída aos
homens a função de manter-se estável emocionalmente e não expressar suas emoções. Tais fatores
contribuem para o adoecimento dos homens, sendo a depressão paterna a expressão mais atual do
cenário descrito. Faz-se necessária a realização de estudos com o público masculino, principalmente os
que permitam a verificação de fatores promotores da formação do vínculo pai-bebê, possibilitando
futuras intervenções de saúde pública que promovam tais fatores. A literatura científica sobre o apego
tem mostrado que esse vínculo atua como promotor do desenvolvimento saudável do bebê. A
formação de um vínculo entre o pai e o bebê já desde a gestação, principalmente no puerpério, permite
ao homem uma melhor preparação para o exercício da paternidade. O objetivo geral da investigação é
construir um instrumento de verificação do apego paterno durante o puerpério. Trata-se de uma
pesquisa multi-métodos, contendo métodos e análises qualitativa e quantitativa, em 3 estudos. No
Estudo 1 foram realizadas revisões integrativas sobre o conceito de apego e sobre os instrumentos de
avaliação do apego paterno no puerpério. No estudo 2 foram realizadas doze entrevistas em
profundidade com pais de distintas escolaridades para conhecer seu conceito de apego e os fatores que
acreditam ter contribuído para a formação desse vínculo. Os conteúdos das entrevistas foram tratados
pela Análise de Conteúdo clássica. Os conceitos de apego explicitados formaram duas categorias: na
primeira o apego foi definido como a necessidade de estar próximo ao filho e cuidar dele; na segunda o
apego foi definido como a expressão do afeto pelos filhos. Esses resultados sugerem que o apego
paterno ainda está vinculado às responsabilidades atribuídas à função paterna de cuidado no sentido da
provisão material. O estudo 2 dá base para construção teórica dos itens que compõem o instrumento e
sua adequação semântica. O estudo 3 analisa as propriedades psicométricas do instrumento elaborado,
e inicia com a submissão para avaliação de experts que validem o constructo apego presente no
instrumento. Foi realizada aplicação piloto do instrumento, e depois a aplicação da versão final do
instrumento com 228 pais em Maternidades de Natal/RN e do interior do estado. A análise fatorial
revelou itens com baixa carga fatorial, que foram excluídos, restando 31 itens ao final. O instrumento é
composto por dois fatores intitulados “Investimentos do pai no bebê” e “Atitudes, Sentimentos e
Expectativas dirigidos ao bebê”. As análises indicaram que o instrumento final possui boa consistência
interna. Indica-se a realização de estudos posteriores para verificação da validade de critério.