Padrão de sono e tomada de decisão em médicos de unidades móveis de atenção às urgências submetidos a esquemas de turnos.
trabalho em turnos; sono; tomada de decisão; médicos, atendimento pré-hospitalar.
A alteração no padrão de sono e vigília, uma das consequências do trabalho em turnos e noturno, causa inúmeras alterações biopsicossociais que interferem nos processos saúde-doença dos trabalhadores. Um dos impactos dessas alterações é observado no processo de tomada de decisão, um dos componentes do funcionamento executivo. No contexto de trabalho de urgências e emergências em saúde, a tomada de decisão torna-se um dos elementos mais importantes, pois embora a maioria das decisões possa ser resolvida com a equipe preparada, o cenário de imprevisibilidade e gravidade das intervenções expõe a equipe médica a um estresse constante, que pode prejudicar atividades como planejar respostas apropriadas. Este estudo teve como objetivos gerais avaliar a relação entre sono e tomada de decisão em 26 médicos de unidades móveis de atenção às urgências, submetidos a esquemas de turnos e traduzir e adaptar para o português cenários hipotéticos de tomada de decisão baseados na Policy Capturing-Technique. Para avaliação do sono, foram utilizados o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (IQSP), o Questionário de Hábitos do Sono, a Escala de Sonolência de Epworth e o Questionário de Identificação de Cronotipo de Horne-Ostberg. Para avaliação da tomada de decisão foi utilizado o Iowa Gambling Task (IGT) e cenários hipotéticos criados de acordo com a Técnica Policy-Capturing. Para critérios de inclusão/exclusão, os participantes responderam à Escala de Fadiga de Chalder, ao Inventário de Ansiedade de Beck (BDI), ao Inventário de Depressão de Beck (BDI) e ao Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). Os participantes foram divididos em turno diurno (N=6) e alternante (N=20). Os resultados mostraram uma boa qualidade de sono para os médicos do turno diurno e uma má qualidade do sono para os médicos do turno alternante. Uma boa qualidade de sono e menor sonolência foram correlacionados com melhores desempenhos na tomada de decisão. Foi feita uma avaliação com o objetivo de verificar relação entre os dois protocolos de tomada de decisão e o resultado mostrou correlação entre eles, indicando pior tomada de decisão avaliada pelo IGT relacionada a prejuízos na tomada de decisão avaliadas pelos cenários. Foi encontrada tomada de decisão prejudicada quando avaliada ao longo do turno. Conclui-se que o esquema de trabalho em turnos alternantes pode ser prejudicial para a qualidade de sono dos médicos e que uma boa qualidade de sono pode contribuir para um melhor desempenho na tomada de decisão.