A experiência de sofrimento em estudantes de Ciências e Tecnologia da UFRN sob o enfoque fenomenológico-existencial
Sofrimento; Ensino Superior; Fenomenologia Existencial; Hermenêutica; Pesquisa Qualitativa
As universidades têm apresentado, nos últimos anos, aumento na incidência de estudantes vivenciando experiências de sofrimento e uma intensificação na procura por atendimento psicológico, merecendo atenção o complexo contexto que atravessa o universitário, por se partir da concepção de que o ser humano é um Dasein, um ser-aí que não se encerra como interioridade psíquica, mas é expressão particular e reflexo do seu copertencimento ao mundo. A pesquisa objetivou problematizar o sofrimento na universidade, compreender e explicitar os sentidos presentes na vivência de sofrimento de estudantes do Curso de Bacharelado em Ciências e Tecnologia (C&T) da UFRN e discutir sobre as possibilidades de atenção dispensadas ao estudante universitário. Foi feito um levantamento bibliográfico sobre o sofrimento em universitários, discriminou-se o contexto acadêmico do aluno de C&T, bem como foi dada ênfase à conjunção da contemporaneidade e suas solicitações. Procedeu-se com a realização de entrevistas semiabertas com quatro estudantes, as quais foram interpretadas de acordo com a perspectiva fenomenológico-existencial. Revelou-se que a lógica da ideologia contemporânea perpassa a experiência de sofrimento dos estudantes e que o curso de C&T tem particularidades que podem acirrar o mal-estar tão comum na atualidade, ao passo que se verificou o quanto a experiência de sofrimento é singular e depende dos sentidos que cada um atribui a sua vivência. Mostrou-se decisivo implicar a própria universidade para que seja possível promover ações e ofertar medidas pedagógicas que tributem para o êxito no nível superior e, sobretudo, provocar o questionamento do estudante acerca do seu modo de existir no mundo contemporâneo, convocando-o para o caminho de uma construção pensante. Destaca-se, portanto, a importância da criação de espaços que possibilitem e estimulem o pensar, rompendo com o círculo vicioso do ritmo acelerado em que se vive e de ocupações desviantes, como estratégias para uma melhor atenção ao estudante universitário.