Avaliação do laço mãe e bebê: elaboração de instrumento e estudos de evidência de validade
relação mãe-bebê; instrumento; avaliação
As circunstâncias favorecedoras da constituição psíquica remetem às influências que incidem prematuramente na vida de uma criança. O laço primordial pressupõe duas vertentes: materna e paterna. Todavia, o foco desta pesquisa é o estabelecimento do laço da mãe com seu bebê (zero a 18 meses), visto que ele se funda em tenra infância a partir da dinâmica entre a mãe (ou quem faça a função materna) e o seu bebê, reconhecendo, assim, os efeitos incisivos da relação primordial. Toma-se a concepção de laço por entender que apesar de nos primórdios da constituição do sujeito ser impossível prescindir da função materna não significa presumir que esta relação seja predeterminada. Pelo contrário, por se tratar de um vínculo, requer ser construído, devido a sua assimetria e não complementaridade. O objetivo da investigação é elaborar, construir e buscar evidências de validade de um instrumento sobre o estabelecimento do laço mãe e bebê a partir da perspectiva materna. Trata-se de uma pesquisa multi-métodos, contendo métodos e análises qualitativa e quantitativa, em 3 estudos. A presente exposição se refere ao primeiro estudo onde foram realizadas seis entrevistas em profundidade com mães de distintas escolaridades (sem escolaridade, fundamental incompleto, e os ensinos fundamental, médio, graduação e pós-graduação completos), visando apreender a representação destas mães sobre a relação mãe e bebê. Os conteúdos das entrevistas foram tratados pela Análise Lexical do software Alceste, por meio do procedimento padrão. Desta análise surgiram três classes, representando respectivamente 55% (classe 1), 26% (classe 2) e 19% (classe 3) do corpus. Os dados revelaram que em cada classe prevaleceu o discurso de mães com níveis instrucionais equivalentes. Na classe 1, preponderou o discurso materno com escolaridade mais baixa (sem escolaridade e fundamental incompleto) voltado ao cuidados básicos e rotineiros prestados ao bebê. Já na classe 2 (pós-gradução), o acento foi dado a outros aspectos relevantes na dinâmica estabelecida com o bebê, tais como a importância dos pais, do afeto e de um amparo harmônico ao bebê. Na classe 3, o discurso apresentou-se através: a) da influência do ambiente para a formação do vínculo e do bebê; e b) das diferentes facetas da comunicação (favoráveis e desfavoráveis). Esta classe contemplou discursos das mães com ensino fundamental e médio completos. Estes resultados sugerem que o foco de atenção na relação mãe e bebê ficou expressivamente voltado aos cuidados básicos; podendo ser a escolaridade materna um fator interveniente na maternagem e, consequentemente, na dinâmica da mãe com seu bebê, influenciando seu estilo de cuidado. O segundo estudo se encontra em processo de elaboração, para posteriormente ser admistrado em Unidades Básicas de Saúde, creches municipais e consultório privado no município de Campina Grande-PB, em uma amostra de 371 mães. O terceiro estudo versará sobre as características de evidência de validade do instrumento.