Pobreza Multidimensional na Região Nordeste: uma aplicação da Teoria dos Conjuntos Fuzzy (em 2010)
Pobreza, Abordagem da Capacitação, Teoria dos Conjuntos Fuzzy.
A pobreza é tradicionalmente entendida como a falta de recursos monetários necessários à sobrevivência física. Apesar de ser uma dimensão importante da pobreza, o nível de renda não captura completamente outras privações sofridas pelas pessoas. Desse modo, a noção de pobreza tem passado por uma evolução no sentido de incluir dimensões importantes sobre a vida das pessoas e não ficar limitada apenas a esfera da disponibilidade de renda, de forma a ser entendida como um problema multidimensional. Nesse sentido, este estudo fundamenta-se nos trabalhos de Sen (1985, 1993, 2000, 2001) sobre a Abordagem da Capacitação em que uma pessoa pode ser pobre por não estar adequadamente nutrido, não ter acesso aos serviços básicos como educação, saúde, energia elétrica, água encanada, saneamento básico e, ainda, por não ter liberdade de escolha entre diferentes tipos de vida que valoriza ter. Quando se trata da pobreza no Brasil, a Região Nordeste recebe destaque devido a alta incidência do número de pobres. Em 2010 o Plano Brasil Sem Miséria apontou que existem 9,6 milhões de indigentes no Nordeste, representando 59% dos extremamente pobres no país (BRASIL, 2011b). Assim, o objetivo deste estudo consiste em investigar e mensurar a intensidade da pobreza multidimensional nos municípios da Região Nordeste em 2010 por meio da aplicação da Teoria dos Conjuntos Fuzzy. O estudo se justifica pela importância de gerar informações para o estudo da pobreza multidimensional de modo a identificar em quais indicadores e dimensões os municípios apresentam maior incidência a pobreza. Os resultados mostraram que a dimensão renda apresentou o maior peso no índice fuzzy de pobreza (IFP). Entretanto, as dimensões educação e saúde também tiveram importância no indicador de pobreza multidimensional. A superação da privação de renda precisa ser incentivada por meio de políticas que promovam, principalmente, o acesso ao ensino básico e ensino médio. O acesso à educação permite que as pessoas sejam agentes das suas vidas, permite que possam buscar qualificação, ter acesso ao mercado de trabalho, participar da vida da comunidade, buscar melhores condições de moradia e de saúde, reivindicar por necessidades particulares e coletivas e exercer direitos civis. Portanto, a superação da pobreza envolve a promoção de múltiplas dimensões e a inclusão social.