DESINDUSTRIALIZAÇÃO SETORIAL BRASILEIRA NA PERSPECTIVA DO COMÉRCIO EXTERIOR
Desindustrialização; Comércio exterior; Brasil; China; Heterogeneidade setorial.
Refletir sobre o problema da desindustrialização é entender a importância do setor na trajetória de desenvolvimento das principais economias do mundo. O fracasso no processo de industrialização bem-sucedida dos subsetores tem uma forte ligação com a mudança estrutural negativa. Esse tipo de mudança é o próprio produto do fracasso da economia diante do surgimento de um setor de serviços com baixo dinamismo. A análise desagregada setorialmente da desindustrialização demonstra as diferenças que existem dentro do setor manufatureiro que influenciam a sua capacidade de contribuir para o crescimento e desenvolvimento dos países. Dito isto, a abordagem agregada do setor manufatureiro não consegue refletir a heterogeneidade e as diferentes trajetórias de crescimento e redução na participação relativa do setor, pois alguns subsetores podem estar se desindustrializando enquanto outros estão se industrializando. A indústria de transformação brasileira está desindustrializando-se precocemente desde a década de 1980 nos subsetores intensivos em tecnologia. Em particular, alguns subsetores podem estar sendo impactados negativamente diante da recente ascensão da China no comércio internacional. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo analisar o processo de desindustrialização subsetorial brasileiro pela ótica do comércio exterior, mais especificamente ao analisar a participação relativa das variáveis emprego, na participação relativa do valor adicionado manufatureiro no PIB, do emprego manufatureiro no total da economia, participação relativa do setor no comércio internacional e quais são os aspectos externos e internos da relação comercial Brasil-China. A hipótese norteadora de que há no setor manufatureiro brasileiro uma redução da participação agregada e desagrada, sobretudo, nos subsetores de maior conteúdo tecnológico agravado pelo recente aumento da concorrência com a China no mercado externo e interno. A justificativa deste trabalho é baseada na importância que o setor manufatureiro possui no mundo para fortalecimento e desenvolvimento regional e nacional, e por existirem poucos estudos que tratam da desindustrialização na perspectiva do comércio internacional por meio da análise subsetorial. Como estratégia empírica, foi analisado a evolução na participação das variáveis emprego, valor adicionado, comércio internacional e o padrão de concorrência do Brasil com a China em terceiros mercados, para os anos de 1950-2017, objetivando avaliar as causas e consequências decorrentes do processo de desindustrialização. Para tanto, portou-se de uma metodologia que se caracteriza como exploratória com enfoque estatístico que possibilita uma descrição tanto quantitativa quanto qualitativa. É esperado que os resultados deste estudo indiquem que há um processo de desindustrialização no Brasil nos subsetores de maior intensidade tecnológica, servindo de ajudar na produção e planejamento de políticas industriais, com o objetivo de atenuar os efeitos da desindustrialização no país.