A AGRICULTURA FAMILIAR DO SERIDÓ POTIGUAR: VULNERABILIDADE, PERCEPÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Vulnerabilidade, percepção, adaptação, semiárido, Seridó
Nas regiões semiáridas dos países em desenvolvimento as populações rurais estão vulneráveis às variações climáticas e suas consequências. Aliados à outros fatores – biofísicos, sociais, políticos e econômicos, – os efeitos do clima semiárido prejudicam a produção agrícola, gerando uma situação de insegurança alimentar e pobreza no meio rural. Com o advento das mudanças climáticas, os recursos naturais das regiões semiáridas poderão se tornar ainda mais escassos, o que afetaria diretamente a produção agrícola e os que dela dependem. Nesse contexto, a presente pesquisa buscou estudar uma das áreas mais susceptíveis aos efeitos do clima semiárido e da desertificação do Rio Grande do Norte, o Seridó potiguar. O estudo teve como objetivo analisar os fatores socioeconômicos e ambientais que colocam os agricultores familiares numa situação de vulnerabilidade aos efeitos do clima; avaliar suas percepções sobre as variações climáticas já ocorridas e seus conhecimentos sobre mudanças climáticas e aquecimento global, além de verificar quais as estratégias de adaptação ao clima foram realizadas no âmbito do estabelecimento rural. A pesquisa foi realizada em 29 comunidades de quatro municípios do Seridó potiguar – Caicó, Parelhas, Lagoa Nova e Acari. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com lideranças locais e aplicados 241 questionários com os agricultores familiares. Verificou-se que além dos fatores ambientais, como a escassez dos recursos hídricos e as condições climáticas, outros fatores como degradação ambiental o tamanho reduzido das propriedades, a falta de assistência técnica e de recursos e o baixo nível de escolaridade reduzem a capacidade de resiliência e limitam a produção agrícola na região do Seridó. Com a ocorrência das mudanças climáticas, os desafios para a agricultura familiar do Seridó potiguar irão se intensificar. Caso os agricultores não consigam se adaptar, os impactos na agricultora poderão ocasionar o aumento do êxodo rural e os conflitos sociais entre as comunidades, além de causar graves prejuízos para a segurança alimentar, aumentando ainda mais a situação de vulnerabilidade dessas populações. Apesar de perceberem as alterações no clima, a limitação de recursos e a falta de informações aparecem como principais impedimentos à adoção de estratégias de adaptação. A falta de conhecimento sobre as mudanças climáticas, aquecimento global e sobre os impactos que esses fenômenos podem causar também são fatores limitantes à adaptação. É essencial a identificação dos fatores que influenciam a adoção de estratégias de adaptação e os reais desafios enfrentados pelos agricultores, para assim buscar alternativas de convivência com o semiárido coerentes com a realidade da região, que possam fortalecer a resiliência da agricultura familiar e garantir a produtividade da agricultura mesmo com as mudanças climáticas.