" CORPO COMO MATRIZ PEDAGOGICA
A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Uma das entrevistadas quando indagada sobre qual o impacto em sua vida
de ser mastectomizada? O que mudou? E ela com um olhar distante e triste
respondeu: Estou viva em pedaços. Aquela resposta arde até hoje em mim, uma vez
que trazia uma carga subjetiva imensurável de dor.
E com essa resposta decidi que aquela pesquisa não teria conclusão, já que
a condição de enfermeira me confrontava, quotidianamente, com a materialidade
daquela voz em diversos rostos com os quais me deparo e que me inquietam até
hoje. Assim, convivo com aquela resposta em busca de outras respostas. Como a
enfermagem pode juntar tais pedaços? Por que o nosso processo de trabalho
mantém essa fragmentação mesmo diante de tanta dor e sofrimento? Se o nosso
trabalho é pautado no cuidado ao outro, que tipo de cuidado é esse que não ouve o
grito silenciado de socorro? Que nega o outro como sujeito?