Instrumento para identificação dos cuidados de transição em adultos com características da Síndrome Pós-cuidados Intensivos.
Enfermagem; Sobreviventes; Cuidados Críticos; Cuidado Transicional; Estudo de Validação.
A doença crítica está associada a uma multiplicidade de condições heterogêneas, porém, diante da instabilidade hemodinâmica imposta, predispõe o indivíduo à necessidade de meios avançados de suporte à vida. Nessa perspectiva, indivíduos que enfrentam uma doença crítica, e um longo período de internação na Unidade de Terapia Intensiva, estão expostos ao desenvolvimento da Síndrome Pós-cuidados Intensivos, caracterizada e relacionada a disfunções físicas, cognitivas e psicológicas. Consequentemente, os sobreviventes da síndrome e sua rede de apoio enfrentam dificuldades no cuidado durante o retorno ao domicílio e nas atividades diárias, sendo o profissional de enfermagem um dos principais responsáveis pela capacitação do autocuidado e da rede de apoio para alta hospitalar. Com isso, objetivou-se construir e validar um instrumento para identificar os cuidados de transição em adultos com características da Síndrome Pós-cuidados Intensivos. Trata-se de um estudo teórico, de desenvolvimento metodológico, com abordagem quantitativa e utilização da Teoria Psicométrica dos Dados. Amostra total foi de 194 participantes, sendo 10 juízes, 30 discentes de Enfermagem e 154 avaliações do adulto com características da Síndrome Pós-cuidados Intensivos. A coleta de dados aconteceu entre agosto de 2022 e maio de 2023, após parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa sob no 5.388.801. A construção do instrumento foi disposta em três etapas: Etapa 1: Operacionalização do constructo; Etapa 2: Validade de Conteúdo e Validade de Face; e a Etapa 3: Validade de Constructo e Confiabilidade do Instrumento. O embasamento teórico conceitual ancora- se na Teoria das Necessidades Humanas Básicas e na Teoria da Transição. Na Etapa 1 foi realizada a construção do instrumento fundamentado nas bases teóricas e uma Scoping review, que seguiu as recomendações do Instituto Joanna Briggs e do checklist Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews. A versão preliminar do instrumento apresentou 33 itens distribuídos em 5 dimensões. Na Etapa 2, o instrumento foi submetido à validade de conteúdo por 10 juízes, em 2 rodadas, resultando em uma versão pré-final com 30 itens e 5 dimensões: D1 - Aspectos clínicos (9 itens); D2 – Alimentação e eliminações fisiológicas (4 itens); D3 – Mobilidade, higiene, conforto e segurança (4 itens); D4 – Pele e mucosas (4 itens); e D5 – Cognitivas e psicológicas (9 itens). Na rodada 1, a dimensão 5 sofreu alterações na escrita do item 24, inicialmente redigido como “Como está a comunicação?” passando a formulação “Como está a comunicação após internação na UTI?”, com tal modificação obteve coeficiente Kappa de 1,00, na rodada 2. Ainda na dimensão 5 os itens 25, 26, 27 e 28, foram reagrupados como o item “25 - Como está a percepção sensorial?”, obtendo Kappa com concordância perfeita (1,00), o Guia Operacional seguiu as alterações de reformulação dos itens, sem impactos nas definições operacionais da versão inicial. Na validação de face, realizado com juízes e discentes de Enfermagem, o instrumento seguiu a versão pré-final sem alterações, com Kappa perfeito em análise geral, por dimensão e itens. Na Etapa 3, na validade de constructo e confiabilidade interna o instrumento mostrou-se válido e confiável, com Alfa de Cronbach total igual a 0,835, não indicando a presença de redundância ou duplicação de seus itens. Foi verificada a suposição de unidimensionalidade por meio da análise de componentes principais e foi detectado que o primeiro fator é capaz de explicar 30,1% da variância, ou seja, pode-se considerar que o instrumento possui um fator dominante, validando a suposição de unidimensionalidade e, portanto, de independência local. De acordo com o Modelo de Resposta Gradual, o parâmetro de discriminação variou de 0,097 a 3,265. Constatou-se que a maioria dos itens possui um poder de discriminação de moderado a muito alto. A validade fatorial, foram avaliados os parâmetros da qualidade do modelo:χ2., CFI, TLI e RMSEA. Desse modo, analisando as estatísticas do modelo final, destacasse que pelo TLI e o CFI, é possível verificar que eles apresentaram valores acima de 0,90 (CFI = 0,92 e TLI = 0,90), o que indica um bom ajuste do modelo. Já o RMSEA apresentou um valor de 0,086, abaixo do limite máximo de 0,10, o que também indica um bom ajuste de modelo. Portanto, o instrumento mostrou-se confiável e possui evidências consistentes de validade de conteúdo, face e constructo para identificar os cuidados de transição em adultos com características da Síndrome Pós-cuidados Intensivos.