Análise da violência autoprovocada em adolescentes na sociedade atual
Comportamento autodestrutivo; Suicídio; Tentativa de Suicídio; Ideação Suicida; Defesa da Criança e do Adolescente; Cuidados de Enfermagem.
A violência autoprovocada é caracterizada pelas práticas de violência contra si próprio, podendo ser classificada pela autoagressão, a ideação suicida, a tentativa de suicídio e o suicídio. Corresponde a terceira maior causa de morte entre adolescentes no mundo e na realidade brasileira, observa-se o crescimento desses casos. Nesse sentido, torna-se essencial o mapeamento dos fatores associados a violência autoprovocada no Brasil, assim como o desenvolvimento de estratégias emocionais para o enfrentamento das situações de violência autoprovocada em adolescentes, com a finalidade de contribuição para a formulação de políticas específicas para o cuidado desse público e familiares. Este estudo tem como objetivo geral analisar os fatores associados a violência autoprovocada em adolescentes e descrever as estratégias, os programas e as intervenções que visam auxiliar os cuidados emocionais de adolescentes, familiares e profissionais de saúde. Esta pesquisa teve como alicerce teórico as reflexões trazidas por Byung-Chul Han e Guy Debord, a fim de compreender sobre as características da sociedade moderna e relacioná-la com os comportamentos autodestrutivos. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório que articulou dados quantitativos com qualitativos. Os dados quantitativos foram coletados a partir de dados do Sistema de Agravos de Notificação para a identificação dos fatores associados a violência autoprovocada em adolescentes, considerando os dados de 2009 a 2021 do Brasil. Os dados foram submetidos a análise descritiva e inferencial, pelo Statistical Package for the Social Sciences com adoção do nível de significância de 5%. Os dados qualitativos foram coletados utilizando-se a proposta metodológica da Revisão de escopo, proposta pelo Manual do Joanna Briggs Institute e seguindo as recomendações do PRISMA-ScR. Para auxiliar na análise dos estudos, foi utilizado o software Intelligent Systematic Review, posteriormente com o auxílio do Power Point os dados foram organizados para a análise qualitativa. O estudo foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob parecer no 5.521.288. A partir da análise quantitativa, identificou-se que 27,39% dos adolescentes praticaram violência autoprovocada, e associa-se a adolescentes mais velhos (15 a 19 anos), raça/cor negra (pretos e pardos) e indígenas, baixa escolaridade, aos métodos: força corporal/ espancamento e arma de fogo, uso de álcool, às regiões Norte e Nordeste, e a locais públicos, como bar ou similares e a via pública, e a alta dos serviços de saúde. Quanto aos dados qualitativos, terapias e treinamentos constituíram-se da maioria das ações de cuidado emocional ao adolescente, familiares e profissionais, destacando que além de profissionais de saúde, também foram desenvolvidas ações destinadas aos profissionais da educação, não sendo identificados estratégias, programas e intervenções no Brasil, voltadas à promoção do cuidado emocional dos adolescentes, familiares e profissionais. O estudo permitiu o panorama das notificações de violência autoprovocada em adolescentes e os fatores associados no Brasil, bem como o mapeamento de programas, estratégias e intervenções desenvolvidas em diversos países.