Representações Sociais do Pré-Natal para os homens que vivenciaram as consultas da companheira
Pai. Paternidade responsável. Política Nacional de Saúde do Homem. Enfermagem. Psicologia Social
Por muito tempo, na história da humanidade, o homem ocupou o espaço de provedor financeiro da família e, por conseguinte, distanciou-se do contexto do desenvolvimento dos filhos. Entretanto, novas evidências científicas ressaltam o envolvimento afetivo do homem durante o período gestacional da companheira como indispensável para a construção da paternidade, estabelecimento do vínculo entre pai e bebê e promoção da saúde mental do filho e bem-estar da mulher, sendo, portanto, a assistência pré-natal viabilizadora desses processos. Objetivo: analisar as Representações Sociais atribuídas pelo homem ao pré-natal da companheira. Método: trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva, com abordagem qualitativa, à luz da Teoria das Representações Sociais, na vertente estrutural, realizado com 38 homens os quais vivenciaram as consultas de pré-natal da companheira e que estavam presentes em uma maternidade escola localizada no estado do Rio Grande do Norte, no período de janeiro a novembro de 2020. Para viabilizar a coleta de dados, utilizou-se um questionário sociodemográfico, o desenho-estória com tema e a Técnica da Associação Livre de Palavras, mediante utilização do termo indutor “pai e as consultas de pré-natal”. Os dados foram analisados a partir do auxílio do software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ), versão 7 alpha 2, através do processamento prototípico (quadro de quatro casas) para a matriz a qual for a calculada automaticamente; da frequência intermediária (± 5,67) e Ordens Médias de Evocações (± 2,8). Ressalta-se, ainda, que a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob o Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) de numeração 21360719.0.0000.5537. Resultados: os participantes foram, majoritariamente, homens com faixa etária de 29 a 38 anos (44.7%; n=17) e residiam no interior do estado do Rio Grande do Norte (52,6%; n=20). Dentre a amostra, 55,3% (n=21) dos homens afirmaram já terem outro(s) filho(s) mas os filhos anteriores não haviam sido concebidos com a companheira atual (61,9%; n=13), todavia, mesmo diante de tal contexto, haviam participado das consultas de pré-natal durante o período gestacional dos filhos anteriores (57,1%; n=12). Decorrente da análise prototípica, a matriz gerada apresentou a possível representação da participação dos homens nas consultas de pré-natal da companheira e cristalizou-se, principal e semanticamente, pelo termo amor (f=16; OME: 2.8), esse que constituiu o núcleo central do quadro de quatro casas; concernente à primeira periferia, os termos as quais constituíram-na foram: responsabilidade (f= 9; OME:2.9); carinho (f= 8; OME 3.8: ) e felicidade (f= 7; OME: 3.4), a segunda periferia foi formada pelos termos: atenção (f= 5; OME:3.2); companheirismo (f= 5; OME: 3.9); acompanhar (f= 5; OME:3); presença (f= 4; OME:3.2); importante (f= 4; OME:3); saúde (f= 3; OME:4.3); esperar (f= 3; OME:4.3) e, por fim, a zona de contraste formou-se pelos seguintes termos: família (f= 5; OME:1,6); cuidado (f= 5; OME:2.8); compromisso (f= 3; OME:1.7); afeto (f= 9; OME:2.3). Considerações finais: a execução da presente pesquisa tornou possível a revelação de que as Representações Sociais dos homens os quais participaram das consultas de pré-natal da companheira apresentaram sentimentos, bem como significados generalizados do que é “vestir a identidade de pai antes mesmo do nascimento do filho”, os quais direcionam os núcleos de sentidos para o amor o qual é estabelecido e fortalecido por durante todo o período gestacional da companheira.