Formação do Enfermeiro em Cuidados Paliativos no Estado do Rio Grande do Norte
Cuidados Paliativos. Formação Profissional. Enfermagem. Instituições de Ensino Superior. Ensino.
O aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população Brasileira, ocorre num contexto de saúde no qual se destacam, as condições e doenças crônicas degenerativas, com demandas por cuidados paliativos, fundamentais a qualidade de vida de pessoas e familiares colocados diante das doenças que ameaçam a continuidade da vida. Entende-se o enfermeiro, como àquele que assiste o paciente de forma integral nas dimensões física, psicológica, social e espiritual, e atua como elo entre o paciente, família e equipe de saúde, e com maior efetividade para realizar as práticas de cuidado. Contudo, tanto os enfermeiros, quanto os graduandos, demonstram não estarem capacitados para lidar com o pacientes em cuidados paliativos. O objetivo desse estudo é analisar o ensino dos cuidados paliativos na formação do enfermeiro em instituições de ensino superior. Estudo do tipo descritivo-exploratório, com abordagem qualitativa. O local de estudo são as instituições públicas e privadas, de ensino superior, do Estado do Rio Grande do Norte, reconhecidas pelo Ministério da Educação e Cultura. Participaram do estudo 11 coordenadores de Cursos de Graduação em enfermagem, que aceitaram participar, e 10 projetos pedagógicos fornecidos. Os procedimentos de coleta de dados incluíram na 1ª etapa, uma entrevista semiestruturada com roteiro sobre o ensino de cuidados paliativos na formação do enfermeiro, além da caracterização sociodemográfica e de formação dos participantes e das instituições; a 2ª etapa correspondeu à leitura e análise descritiva dos projetos pedagógicos, das instituições investigadas. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo temática de Bardin com adaptação de Minayo para os resultados das entrevistas, e análise descritiva para os demais resultados. Como referencial teórico, fez-se uso da teoria da complexidade de Morin, das políticas educacionais e dos projetos pedagógicos. O estudo obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com CAAE n° 91830118.7.0000.5537. Entre os resultados obtidos, observou-se haver fragilidades relacionadas à inclusão e abordagem dos cuidados paliativos no ensino de enfermagem, tanto nas instituições públicas, quanto nas instituições privadas, bem como, a ausência deste conteúdo como disciplina obrigatória ou mesmo eletiva. Nesse aspecto, esses achados denotam uma urgência considerável à inserção de componente em cuidados paliativos, inicialmente eletivos, com abordagem teórica e prática, além da abordagem transversal, nos currículos atuais de formação do profissional enfermeiro. E, apresenta forte apelo à tese de que a enfermagem, em especial, a do contexto desse estudo, apresenta lacunas no ensino dos cuidados paliativos, além de corroborar com a literatura, no que se referem às dificuldades apresentadas pelos profissionais e acadêmicos de enfermagem ao assistir pacientes em cuidados paliativos. Ao finalizar, considera-se ser urgente haver uma reflexão por parte dos gestores dos cursos de graduação em enfermagem, quanto à formação do enfermeiro em cuidados paliativos, de maneira a contemplar tanto o perfil de saúde da população, ora centrado nas condições e doenças crônicas degenerativas, quanto à necessidade de melhor capacitação dos profissionais, que se revela como um desafio para o enfermeiro, por tratar-se de uma nova demanda de cuidado, e, desta forma, propiciar dignidade e qualidade de vida aos pacientes com doenças potencialmente fatais.