O ensino acerca da hanseníase em cursos de graduação em enfermagem: possibilidades e limites
Hanseníase; Enfermagem; Formação Profissional; Ensino.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que se manifesta através de sinais e sintomas dermatoneurológicos podendo deixar sequelas físicas e neurológicas se não diagnosticada e tratada precocemente. No ano de 2013 foram diagnosticados 215.656 casos novos de hanseníase no mundo. O Brasil é o segundo país do mundo em número de casos da doença, em 2013, diagnosticou 31.044 casos novos de hanseníase, sendo 64% multibacilares e 6,4% com grau 2 de incapacidade física no diagnóstico. Por ser uma doença endêmica e representa um grande problema de saúde pública no Brasil, faz-se necessário que as instituições de saúde e instituições de ensino superior(IES) assumam a responsabilidade e o compromisso de investir em processos educativos permanentes nas unidades de saúde e no processo de ensino aprendizagem em cursos de graduação na área da saúde. Estudos evidenciam que mesmo com o processo de descentralização das ACH que já dura vários anos, o desempenho das ações continua precário, e as razões encontradas para explicar essa realidade vão desde as características próprias da doença, aos aspectos culturais como o estigma, os determinantes político-administrativos até a inexistência de métodos de ensino adequados na formação dos futuros profissionais de saúde nas IES. Em se tratando dos cursos de graduação da área de saúde, as Diretrízes Curriculares Nacional (DCN) deixa evidente a necessidade da melhoria do processo de formação dos futuros profissionais com base na realidade sócio-econômica e sanitárias que vive a população brasileira. Nesse contexto, para operacionalizar as ACH no Sistema Único de Saúde(SUS), os alunos necessitam em seu processo de formação de conhecimentos, habilidades e atitudes condizentes a uma prática clinica em hanseníase, compatível com as reais necessidades de saúde do usuário, família e comunidade. Sendo o enfermeiro, um profissional essencial para atuar no SUS e que possui atribuições específicas para desenvolver as ACH, torna-se imprescindível que a sua formação seja dinâmica e efetiva para que possa produzir seu conhecimento e posteriormente trabalhar coletivamente com os demais membros da equipe de saúde e a população. Nesse sentido, faz-se necessário conhecer como encontra-se o ensino acerca da temática hanseníase em cursos de graduação em enfermagem, uma vêz que, o enfermeiro é um dos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento das ACH na Estratégia Saúde da Família(ESF), que possui um papel essencial na reorientação do modelo assistencial e na consolidação das diretrizes do SUS. Ressalta-se que no Brasil e no mundo, há poucos estudos que caracterize o ensino da hanseníase em cursos de graduação na área de saúde. Diante disso, o estudo tem como objetivo analisar as possibilidades e limites acerca do ensino da hanseníase em cursos de graduação em enfermagem. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo com abordagem quanti-qualitativa. Para essa pesquisa será empregado também o tipo documental, utilizando-se os Projetos Políticos dos Cursos (PPC). O estudo será realizado nos cursos de graduação em enfermagem nas instituições de ensino público do estado da Paraíba. A população será composta por docentes e discentes mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Serão incluídos os docentes que possuírem tempo mínimo de docencia de seis meses; que ministre componente curricular que contemple a temática hanseníase e discentes que estejam regularmente matriculado no último período do curso de graduação em enfermagem.Os resultados quantitativos serão trabalhados através de estatística descritiva, por meio da apresentação de frequências e porcentagens, medidas de tendência central e de variabilidade. Os dados qualitativos seguirá a Análise de Conteúdo de Bardin e, posteriormente serão discutidos e analisados por meio do referencial teórico da Política Nacional de Controle da Hanseníase e as Diretrizes Curriculares do Curso de Enfermagem. A coleta dos dados empíricos será efetivada após da aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Dados preliminares de análise realizada no PPC apontam a inserção da temática hanseníase apenas em componentes curriculares teóricos de saúde coletiva e saúde do adulto com ênfase maior nos aspectos clínicos da doença. Acredita-se que esse estudo seja de relevância tendo em vista que possa contribuir no processo de formação dos futuros profissionais enfermeiros e consequentemente para a assistência e controle da doença no Brasil.