Concepções de mulheres com deficiência física sobre a maternidade.
Enfermagem. Saúde Reprodutiva. Pessoas com deficiência.
O estudo objetivou compreender a concepção de mulheres com deficiência física sobre sua capacidade de gestar, parir ou cuidar de um filho. Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva com abordagem qualitativa desenvolvida em três organizações não-governamentais de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. A coleta de dados ocorreu no período de abril a junho de 2014, por meio de entrevista semiestruturada, utilizando-se roteiro constituído por questões sociodemográficas e uma norteadora. Obteve-se a priori anuência dos diretores das associações, aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, CAAE nº27442814.7.0000.5537 e parecer n° 618.045, assim como a autorização formal das participantes mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Participaram do estudo 12 mulheres selecionadas conforme os seguintes critérios de inclusão: ter deficiência física, estar na faixa etária de 18 a 49 anos e afirmar a existência de características limitantes desde a primeira infância (0 a 3 anos). As informações obtidas nas entrevistas foram submetidas aos preceitos da análise de conteúdo segundo Bardin, de acordo com a técnica de análise temática. Desse processo, emergiram três categorias: Concebendo a maternidade diante da deficiência física; Concebendo a capacidade de ser mãe com deficiência; e Concebendo o apoio durante o ciclo gravídico-puerperal. Como referencial teórico adotou-se os princípios do Interacionismo Simbólico proposto por Blumer. A discussão foi respaldada por meio de achados literários sobre a assistência a saúde da mulher no contexto da reprodução. As entrevistadas concebem a maternidade como uma realização e acreditam na sua capacidade em gestar, parir e cuidar de um filho. Porém, o desejo pelo papel materno tende a ser influenciado por sentimentos adversos e limitações suscitadas pela deficiência, barreiras sociais e preconceitos. Referiram também a importância do suporte do companheiro, familiares e profissionais de saúde nos cuidados ao filho. Mediante esses achados, compreende-se que embora haja entraves para a realização do seu desejo, não foram suficientes para fazê-las desistir em tornar-se mãe. Portanto, se faz necessário que os profissionais da saúde, em destaque o enfermeiro, sejam capacitados para o atendimento a mulher com deficiência no âmbito da atenção à saúde reprodutiva de modo a ofertar assistência adequada às suas necessidades.