Trauma em idosos atendidos pelo serviço pré-hospitalar móvel.
Enfermagem. Idoso. Traumatismos. Assistência pré-hospitalar.
O objetivo deste estudo foi caracterizar a ocorrência de traumas na população idosa atendida pelo serviço pré-hospitalar móvel, no município de Natal, Rio Grande do Norte. Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem quantitativa e delineamento transversal, cuja população foi constituída por 2.080 vítimas de trauma. A amostra, do tipo aleatória sistemática, consistiu em 400 pessoas idosas, com idade a partir de 60 anos, assistidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Natal/RN, entre janeiro de 2011 a dezembro de 2012. A coleta de dados teve início após consentimento da instituição e parecer favorável de um Comitê de Ética em Pesquisa sob o nº 309.505. Procedeu-se à análise documental retrospectiva das fichas de atendimento do serviço através de um formulário de elaboração própria, validado por juízes especialistas, considerado como confiável (α>0,75) e válido (IVC=0,97) em sua clareza e relevância. Os dados foram tabulados pelo software Statistical Package for Social Science, versão 20.0. Os resultados obtidos evidenciam que as vítimas idosas possuem idade média de 74,19 anos (dp±10,25), com prevalência do sexo feminino (52,25%), acometimento por doenças crônicas, especialmente a hipertensão arterial (11%), uso médio de 2,2 medicamentos rotineiros (dp±1,53), com sinais vitais dentro dos padrões de normalidade. Os traumas prevaleceram no período diurno, na residência das vítimas, zona norte da cidade e nos fins de semana. Entre os mecanismos de trauma destacaram-se as quedas, os acidentes de trânsito e as agressões físicas, cujo tipo de trauma mais comum foi o cranioencefálico (18,75%) e principais consequências os ferimentos passivos de sutura (31%) e as fraturas fechadas (24,5%). As Unidades de Suporte Básico estiveram como as mais acionadas para o atendimento pré-hospitalar (87,8%) e o principal local de destino consistiu no hospital de referência em urgência do Estado (57,5%). Entre os procedimentos mais realizados pela equipe de enfermagem destacaram-se a imobilização com prancha rígida e colar cervical (34,5%), bem como a punção venosa periférica (19,3%), tendo como principal componente utilizado para reposição volêmica a solução fisiológica (8,3%). Houve relação significativa entre os óbitos e o mecanismo de trauma (p=0,001); mecanismo de trauma e procedimentos realizados (p≤0,001), exceto administração de medicamentos; procedimentos realizados, exceto de imobilização, e unidade destinada ao atendimento (p<0,001). Ressaltam-se os índices de pessoas idosas vítimas de trauma, o seguimento deficiente do protocolo Pre-Hospital Trauma Life Suport, a incipiência dos registros e procedimentos de enfermagem realizados. Há necessidade de um protocolo de atendimento ao trauma específico às vítimas idosas e estratégias de educação para a prevenção de eventos desta natureza.