AVALIAÇÃO DE EFEITOS TOXICOLÓGICOS E COMPORTAMENTAIS DE PANAX GINSENG EM RATOS
Panax ginseng C. A. Meyer. Glicina. Ketamina. Toxicidade. Comportamento. Ratos.
O Panax ginseng C.A. Meyer (Araliaceae) é uma planta herbácea muito usada na China, Coréia do Sul, Japão e outros países da Ásia no tratamento de várias doenças micro circulatórias, vasculares cerebrais, entre outras. Possui mais de 30 ginsenosídeos, que inibem o receptor NMDA, provocando diferentes efeitos farmacológicos e comportamentais. O objetivo do presente estudo foi avaliar a atividade geral, no campo aberto, e a ansiedade, no labirinto em cruz elevado, de ratos tratados com P. ginseng. Ratos tratados com ketamina (antagonista do receptor NMDA) e com glicina (co-agonista do receptor NMDA), foram também empregados para melhor entendimento do mecanismo de ação desse fitoterápico. Foram utilizados 66 ratos machos adultos, divididos em seis grupos: um controle positivo (n=12), tratado durante 30 dias com água por gavagem, que recebeu glicina (500mg/kg; v.o.) nos dias 7, 14, 21 e 28 de tratamento, uma hora antes da avaliação comportamental; um controle negativo (n=12), tratado durante 30 dias com água por gavagem, que recebeu ketamina (5mg/kg; i.p.) nos dias 7, 14, 21 e 28 de tratamento, uma hora antes da avaliação comportamental; três grupos experimentais (n=12), que receberam 100, 200 ou 300 mg/kg de P. ginseng, por gavagem, durante 30 dias e um grupo branco (n=6) tratado exclusivamente com água, sendo também administrado 1mL de água por gavagem uma hora antes da avaliação comportamental. O comportamento animal nesses grupos também foi analisado nos dias 7, 14, 21 e 28 de tratamento. No dia 30 de tratamento os animais foram anestesiados para coleta de sangue e retirada de órgãos diversos, que tiveram seus pesos anotados e porções foram coletadas para estudo histopatológico. Não foram observadas alterações no peso e ganho de peso corporal entre os diversos grupos nem nas razões peso órgão/peso corporal calculadas. Nos animais tratados com P. ginseng, ketamina e glicina o consumo de água e de ração e as concentrações séricas de AST revelaram estar aumentadas em comparação com grupo branco. Entretanto, os animais tratados com as três doses de P. ginseng, ketamina e glicina apresentaram níveis reduzidos de creatinina e ureia quando comparados com o grupo branco. Não foram observadas alterações no parâmetro ALT. O estudo histopatológico revelou ausência de alterações na morfologia celular nos diversos tecidos analisados. Não foram encontradas alterações comportamentais no labirinto em cruz elevado e poucas alterações foram observadas nos animais tratados com P. ginseng, glicina e ketamina quando comparados com o grupo branco, no campo aberto. Esses dados sugerem que as doses de P. ginseng empregadas não foram capazes de provocar toxicidade geral em ratos tratados por 30 dias e revela também que o comportamento geral dos ratos tratados com P. ginseng foi pouco diferente daquele observado nos animais tratados com glicina e ketamina. Por fim, o estudo no labirinto em cruz elevado mostrou que o extrato de P. ginseng não apresentou ação ansiogênica nem ansiolítica nas condições experimentais adotadas.