OBTENÇÃO DE UMA FORMULAÇÃO DE CAPTOPRIL PARA USO PEDIÁTRICO
Captopril, Formulações pediátricas, Pré-formulação, Análise térmica, CLAE.
Atualmente, os medicamentos utilizados em crianças são adaptados a partir de formas farmacêuticas sólidas desenvolvidas para adultos, sem comprovação da eficácia e segurança. Sabe-se que a forma farmacêutica de escolha para crianças são as preparações líquidas pela facilidade de deglutição. O captopril está disponível no mercado brasileiro apenas em comprimidos, sendo amplamente adaptado para formulação líquida em hospitais para uso como antihipertensivo. Porém, sua
estabilidade em meio aquoso é reduzida, pois sofre oxidação gerando seu principal metabólito, o dissulfeto de captopril. Com o intuito de garantir a estabilidade do fármaco e dosagem precisa, propomos desenvolver uma formulação líquida de captopril para uso pediátrico. Inicialmente foi realizado o estudo de pré-formulação, a compatibilidade entre o fármaco e os possíveis excipientes foi avaliada através da análise termograviméticas (TG) e da análise térmica diferencial (DTA). Em seguida, o método para o doseamento do captopril da Farmacopéia Brasileira (2010) foi otimizado para a coluna C-18 DE 150 mm, utilizando diferentesproporções da fase móvel composta de ácido fosfórico 0,11% (v/v) e metanol: 45:55 (A), 50:50 (B), 55:45 (C) e 60:40 (D). As propriedades tecnológicas do fármaco e excipientes foram avaliadas através da análise granulométrica e medidas diretas e indiretas de fluxo (ângulo de repouso, fator de fluxo, densidade aparente e de compactação, fator de Hausner e índice de Carr). Através das curvas DTA do captopril e das misturas do fármaco com os excipientes, não foram verificadas incompatibilidades: a fusão do captopril ocorre em 110°C e decomposição entre 170 e 440°C, com exceção das curvas das misturas contendo os agentes conservantes, em que não foram observados os picos isolados de fusão de cada substância. O método proposto pela Farmacopéia Brasileira (2010) para o doseamento do captopril por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) não foi considerado adequado para a coluna de 150 mm pela proximidade entre o tempo de retenção e do volume morto. Entre as proporções de fase móvel testadas, a condição D com o fluxo de 1,2 mL.min-1 foi considerada mais adequada, com o captopril apresentando tempo de retenção de 3,6 minutos. De acordo com as exigências da ANVISA o método foi considerado linear, preciso e exato. Quanto às propriedades tecnológicas, a distribuição granulométrica do captopril foi semelhante ao EDTA, uniforme, com tamanhos relativamente grandes das partículas, o que garante boas propriedades de fluxo. Já os conservantes analisados, metilparabeno e propilparabeno, apresentaram um menor diâmetro médio. Esta diferença entre os tamanhos de partículas pode resultar na segregação das partículas menores. A boa propriedade de fluxo do captopril foi comprovada a partir dos resultados do Fator de Hausner, índice de Carr e ângulo de repouso. Na continuidade do trabalho, serão estudadas formulações a partir da combinação do captopril com os excipientes testados.