Olanzapina versus risperidona. Uma comparação dos resultados clínicos e qualidade de vida na esquizofrenia
Esquizofrenia. Resultados clínicos. Antipsicóticos
A esquizofrenia constitui o mais comum dos transtornos psiquiátricos graves, apresentando diferentes manifestações clínicas. A crescente entrada dos antipsicóticos da segunda geração, principalmente da olanzapina e risperidona, para o tratamento da esquizofrenia no Estado do Rio Grande do Norte/ Brasil, indicada para os pacientes portadores de esquizofrenia refratária ou para pacientes com efeitos adversos graves, suscitou uma investigação dos desfechos clínicos e qualidade de vida relacionada ao uso dos antipsicóticos atípicos. O estudo foi realizado com pacientes ambulatoriais do Hospital Dr. João Machado, Natal,RN, Brasil. No primeiro estudo, comparou-se os resultados clínicos e econômicos associados ao uso olanzapina e a risperidona para o tratamento da esquizofrenia, com 286 pacientes, com a risperidona mostrando uma importante redução de custos. Os indivíduos que fizeram uso da risperidona apresentaram uma maior freqüência de reinternações (5,69 + 14,4) do que pacientes que utilizaram a olanzapina (4,52 + 6,0 vezes) (p <0,48). Os efeitos adversos observados foram: ganho de peso (35,4% e 26,6% para olanzapina e risperidona, respectivamente), aumento do apetite (15,1% para olanzapina) e insônia (8,6% e 10,5% para olanzapina e risperidona, respectivamente). O segundo estudo, comparou os desfechos clínicos entre os diferentes antipsicóticos atípicos. Foram estudados 334 pacientes. O antipsicótico prescrito com maior freqüência foi a olanzapina (53,2%). A maior parte dos indivíduos foi do sexo masculino (57,1%), solteiros (74,2%), e com ensino fundamental (72,3%). Os usuários de quetiapina e ziprasidona,fizeram uso de outro antipsicóticos atípico anteriormente (p<0,001). O efeito adverso mais comum para olanzapina foi ganho de peso (104 pacientes) e aumento de apetite (43 pacientes). Para a risperidona, foi ganho de peso (38 pacientes), insônia (15 pacientes) e ansiedade (15 pacientes). O terceiro estudo teve como objetivo comparar a Qualidade de Vida (QLS-BR) e os efeitos adversos (UKU) dos pacientes diagnosticados com esquizofrenia tratados com o antipsicóticos atípicos olanzapina ou risperidona. Foram utilizados n=115 pacientes. Ambos os farmacos causaram um prejuízo na qualidade de vida dos pacientes. A risperidona demonstrou efeitos adversos: psíquicos, neurológicos, autonômicos e sintomas relacionados à hiperprolactinemia. O quarto estudo, verificou as alterações antropométricas e bioquímicas para usuários dos antipsicóticos de segunda geração: olanzapina e risperidona, com n=32 pacientes, sendo 16 usuários de olanzapina e 16 de risperidona. Os resultados mostraram que para os homens, os níveis de colesterol total foram significativamente maiores para usuários da olanzapina (p=0,0043). Em relação ao grupo masculino da olanzapina, o peso teve relação direta com os níveis de triglicerídeos (r= 0,75, p= 0,0058). No grupo feminino da risperidona, o peso está diretamente correlacionado com a glicemia de jejum (r= 0,80, p= 0,0159). Na correlação entre circunferência abdominal e glicose de jejum foi obtido resultado significativo no grupo das mulheres em uso de risperidona (r= 0,77, p= 0,0240). Neste estudo as alterações antropométricas e bioquímicas encontradas para os homens, foram os níveis de colesterol total aumentados entre aqueles usuários de olanzapina e uma relação positiva entre ganho de peso com o aumento dos níveis de triglicerídeos. Para as mulheres em uso da risperidona, o peso e a circunferência abdominal está positivamente relacionado com hiperglicemia de jejum. Conclui-se que existe a necessidade de um acompanhamento e avaliação longitudinal dos pacientes usuários de antipsicóticos com finalidade de descrição e avaliação tanto dos efeitos adversos, quanto da qualidade de vida.