Aplicação de nanopartículas de quitosana com potencial de adjuvante na produção de soro contra o veneno do escorpião Tityus serrulatus
Escorpião Tityus serrulatus, quitosana
No Brasil, diversas espécies de escorpiões são conhecidas por provocar acidentes que podem levar ao óbito, sendo estas pertencentes principalmente ao gênero Tityus. O escorpião Tityus serrulatus é o principal responsável pelos casos de maior gravidade. Soros anti-escorpiônicos são produzidos rotineiramente por diversas instituições, apesar da sua eficácia, a ação depende da qualidade e da rapidez com que é iniciado o tratamento. Estudos têm sido desenvolvidos na busca de tecnologias adaptadas para encapsular e liberar proteínas recombinantes capazes de induzir a produção de anticorpos. Neste contexto muita atenção tem sido dada a quitosana por ser um bioativo natural, não-tóxico, biocompatível e biodegradável. A quitosana é um copolímero linear de natureza polissacarídica, obtida a partir da desacetilação parcial da quitina, mas também pode ser encontrado em alguns microrganismos, seu perfil de segurança já foi estabelecido em seres humanos, e tem sido utilizada como excipiente farmacêutico, especialmente em sistemas de liberação controlada de fármacos. O trabalho desenvolvido busca um sistema de liberação a partir de nanopartículas de quitosana para peptídeos/proteínas do veneno do escorpião T. serrulatus, capaz de proporcionar um novo sistema de imunização em animais, com a finalidade de obtenção de um novo soro policlonal, anti-veneno de T. serrulatus. As nanopartículas de quitosana para a incorporação da toxina do veneno foram preparadas através da metodologia da gelificação iônica, sendo utilizado como agente reticulador o tripolifosfato polianiônico (TPP). A concentração selecionada para incorporação do veneno, 0,4% de TPP e 1,0% de quitosana, foi a que apresentou tamanho de partícula compatível com a finalidade pretendida. A avaliação da distribuição do tamanho das partículas foi realizada através do aparelho Zeta Sizer. Além disso, as amostras foram submetidas a avaliação por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Os peptídeos da peçonha do escorpião foram incorporados às nanopartículas de quitosana por intumescimento das nanopartículas pós-formadas em meio concentrado do peptídeo. Para avaliar a incorporação do veneno foi calculada a eficiência de encapsulação (EE) pelo método de dosagem de proteína pelo BCA. A eficiência média de encapsulação obtida foi 74%, o que representa um alto teor de incorporação.