FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DE CONSUMO DE DROGAS ILÍCITAS
Epidemiologia Baseada no Esgoto; Cocaína; MDMDA; Ecstasy; Carnatal 2019; Carnaval 2020
As drogas ilícitas e outras substâncias química consumidas pelo ser humano são parcialmente metabolizadas, eliminadas pela urina e podem ser dosadas no esgoto por LC-MS/MS após préconcentração e com o uso de padrões internos deuterados. Conhecendo-se o tamanho da população, o volume de esgoto e a taxa de excreção do metabólito é possível calcular a quantidade consumida da droga a partir de seus metabólitos dosados no esgoto. Este método, conhecido como Epidemiologia Baseada no Esgoto – EBE traz à luz informações úteis para saúde e segurança públicas e tem repercussão direta em campanhas públicas de prevenção e mitigação de danos associados à drogadição e poluição ambiental. O objetivo deste projeto foi evidenciar algumas das vantagens e desvantagens do uso da ferramenta EBE no diagnóstico do uso de cocaína e MDMA em eventos na cidade de Natal – Rio Grande do Norte. O método quantitativo foi calibrado utilizando no mínimo 5 pontos de curva com coeficiente de determinação até 0,98. Os resultados mostraram um consumo de 263 mg/1000hab/dia para cocaína e de 18 mg/1000inh/dia para MDMA no Carnatal e 3288 mg/1000hab/dia de cocaína e 36 mg/1000inh/dia de MDMA no Carnaval. Nos eventos festivos o consumo aumenta em aproximadamente 2x e no Carnaval de Natal foi consumido cerca de 12x que no Carnatal. O consumo concomitante de álcool e cocaína também foi evidenciado pela presença do metabólico Cocaetileno, substância com maior toxicidade que a cocaína e o etanol e que devem ser preocupações legítimas para saúde pública. Nas festividades natalinas e na virada do ano de 2021-22 foi detectado no esgoto a presença da mitraginina, Fentanil e 25I-NBOH. O estudo de cleanup dos corantes presentes nos sanitizantes utilizados em banheiros químicos mostrou que os cartuchos de SPE podem ser utilizados para separar o corante do analitos. O estudo proporcionou informações relevantes para os gestores de saúde e segurança pública, demonstrando a aplicabilidade quase em tempo real da técnica, bem como evidenciou limitações associadas ao preparo de amostras, mas sobretudo, demonstrou a validade do uso complementar da ferramenta EBE no monitoramento do consumo de substâncias ilícitas.