AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA DE Jatropha
mollissima (Pohl) Bail FRENTE ÀS PEÇONHAS DAS SERPENTES
BOTRÓPICAS
Jatropha mollissima. B. erythromelas. B. jararaca.
Os acidentes ofídicos representam um sério problema em saúde pública nos países tropicais, sendo o gênero Bothrops o maior responsável pelos acidentes no Brasil (90 %). Os efeitos locais (dor, edema, hemorragia e necrose tecidual) e sistêmicos (alterações cardiovasculares, choque e distúrbios da coagulação sanguínea) causados pela peçonha das serpentes do gênero Bothrops são devido aos inúmeros componentes protéicos e não-protéicos (carboidratos, lipídios, nucleotídeos, aminas biogênicas e vários íons), que fazem parte da constituição da peçonha. A única forma de terapia cientificamente validada é a soroterapia antiveneno, que, no entanto, não é eficaz com relação a esses efeitos locais produzidos e, além disso, podem ocasionar sérias reações de hipersensibilidade aos pacientes. Sendo assim, a busca por novas alternativas à soroterapia se faz importante, e nesse contexto, muitas plantas medicinais vêm se destacando pelo uso popular como antiofídicas. Dentre essas plantas, pode-se citar a espécie Jatropha mollissima (Euphorbiaceae), que apresenta amplo uso popular na medicina tradicional como antiofídica, anti-inflamatória, antimicrobiana e antitérmica. Portanto, esse trabalho tem como objetivo avaliar a atividade anti-inflamatória do extrato aquoso das folhas de J. mollissima frente as peçonhas de B. erythromelas e B. jararaca, visando justificar o uso popular da espécie. Os extratos das folhas foram preparados por decocção e em seguida caracterizados por cromatografia em camada delgada (CCD) e a Co-CCD. Em seguida, a sua atividade anti-inflamatória (50, 100 e 200 mg/kg, via i.p.) foi avaliada no modelo de edema de pata induzido pela peçonha de B. erythromelas e B. jararaca em camundongos Swiss. A atividade anti-inflamatória do extrato (50, 100 e 200 mg/kg, via i.p.) também foi avaliada no modelo de peritonite induzido pelas mesmas peçonhas. O extrato foi administrados meia hora antes da injeção das peçonhas em ambos os modelos experimentais, com duração de 120 minutos no caso do edema de pata e 4 horas no caso da peritonite. Manchas sugestivas da presença dos flavonóides: apigenina, luteolina, orientina, isoorientina, vitexina e vitexina-2-O-ramnosídeo foram detectadas no extrato através da co-CCD. Todas as doses testadas (50, 100 e 200 mg/kg) de J. mollissima reduziram o edema de pata induzido pelas peçonhas (p < 0,05 comparado ao grupo controle) com intensidade similar à dexametasona. O extrato aquoso das folhas de J. mollissima nas doses 50, 100 e 200 mg/kg, administrado por via intraperitoneal, promoveu a inibição da migração celular induzido por B. erythromelas e B. jararaca (p < 0,05) e promoveu a inibição das células mononucleares e das células polimorfonucleares induzidos por B. erythromelas (p < 0,05). Esses resultados sugerem que o extrato aquoso das folhas de J. mollissima possui um potencial antiofídico que pode justificar preliminarmente o uso dessa planta na medicina tradicional como anti-inflamatória e na terapia complementar como antiofídica.
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