Por uma crítica onto-epistemológica da neurociência: uma investigação a partir da teoria do cérebro relativístico, de Ronald Cicurel e Miguel Nicolelis
Teoria do Cérebro Relatívistico, Epistemologia, Ontologia, Crítica, Neurociência.
A pesquisa ora em exposição tem por objetivo primordial esclarecer os pressupostos epistemológicos e ontológicos da neurociência, em especial, da Teoria do Cérebro Relativístico, desenvolvida por Ronald Cicurel e Miguel Nicolelis, explicitando seu estatuto filosófico e apontando certos limites teóricos. Para tanto, realizou-se uma exposição das principais características dessa teoria, desde a sua inserção no campo das neurociências e seu embate com a vertente majoritária localizacionista, seus principais conceitos, princípios neurofisiológicos, as condições de base experimentais para o entendimento das atividades cerebrais e a emergência dos processos mentais complexos. A fundação básica dessas considerações teóricas dá-se através do Sistema Computacional Híbrido Digital-Analógico (HDACE), com a consequente geração de campos eletromagnéticos neurais (NEMFs), substrato material do espaço mental. Além do mais, buscou-se expor as predições e aplicações dessa Teoria no campo clínico. Ademais, foram estabelecidos parâmetros para as discussões filosóficas, desde aquelas discussões epistemológicas envolvendo explicações científicas e o conceito de paradigma, em Thomas Kuhn, bem como questões ontológicas, como o conceito de sujeito cerebral e seu embate com o conceito de sujeito moderno, a noção de uma cosmovisão e a interlocução com as principais correntes da filosofia da mente. Finalmente, contra a falácia mereológica, que é conceder atributos às partes (cérebro) ao que pertence ao todo (ser humano), procurou-se estabelecer outros limites filosóficos da neurociência, a partir do papel exercido pela filosofia, conforme exposição das Investigações Filosóficas, de Wittgenstein, e da análise conceitual segundo os Fundamentos Filosóficos da Neurociência, de Bennett e Hacker.