O PROBLEMA DA LINGUAGEM COMO PRODUTORA DE “VERDADE” EM NIETZSCHE
Metáfora. Linguagem metafísica. Linguagem poética.
Desde sua juventude, Nietzsche dá atenção especial ao tema da linguagem. Seu olhar filológico faz dela objeto de análise, e todo o seu pensamento filosófico não pode ser desvinculado desse tema tão importante que permeia todas as suas obras. Assim, a questão central desenvolvida nesta pesquisa consiste em refletir sobre o problema da crença na linguagem como produtora de “verdade”. No primeiro capítulo deste trabalho, entendemos que é imprescindível compreender a análise nietzschiana sobre as origens da linguagem, tendo como base os textos de juventude. O objetivo é compreender que a linguagem não é uma adequação exata da realidade e que a verdade nasce no meio gregário, sendo, desse modo, uma série de convenções e antropomorfismos. Já no segundo capítulo, nossa análise avança em direção à crítica à linguagem conceitual como forma de abreviação das coisas, como também à razão, ou “metafísica da linguagem”, como forma de discurso baseada na gramática para postular a existência de um mundo fixo, estável e imutável. Para Nietzsche, a crença na gramática fez a tradição filosófica cometer grandes equívocos, entre eles, defender a ideia de que o mundo se constitui exatamente segundo seus hábitos e pensamentos. E, no terceiro capítulo, nossa atenção estará voltada para os aspectos afirmativos do pensamento de Nietzsche sobre a linguagem. A busca por um tipo de linguagem que seja a favor da vida, considerada como vir-a-ser constante, tem o seu ápice no Zaratustra, onde Nietzsche se reapropria da linguagem para promover o ultrapassamento das categorias dicotômicas da metafísica. É aí que a sua linguagem se manifesta de forma cantada, hipotética, imagética e, além de tudo, poética.