Blends de polissacarídeos sulfatados e picolinato de cromo: produção e avaliação de sua atividade antioxidante
Polissacarídeos sulfatados; estresse oxidativo; cromo; Gracilaria birdiae
A alga vermelha Gracilaria birdiae (GB) é cultivada e usada como alimento no Nordeste do Brasil. No entanto, o potencial econômico desta alga foi pouco explorado. Um dos seus principais componentes, uma agarana sulfatada, aqui denominada de SPGb, é apontada como agente com várias propriedades, inclusive como agente antioxidante. Já picolinato de cromo (ChrPic) é um composto bioinorgânico com capacidade anti-inflamatória descrita recentemente. Blends são misturas de um ou mais agentes cujo produto tende a ter maior atividade/eficiência do que os produtos que o originaram. Não há registro de blends contendo SPGbe o ChrPic. Portanto, teve-se como objetivo produzir blends contendo SPGbe ChrPic e avaliá-los como agentes antioxidantes. O ChrPic foi adquirido comercialmente. Já SPGb foi extraído da alga após essa ser exposta a ondas de ultrassom e proteólise e sua identidade foi confirmada por análises químicas e de ressonância magnética nuclear (1H1D e HSQC). ChrPic (de 0,5 a 2,0 mg/mL) não apresentou atividade quelante de cobre ou de ferro, já SPGb (2,0 mg/mL) apresentou atividade de 70 e 73%, para esses testes, respectivamente. Por outro lado, ChrPic (1,0 mg/mL) apresentou cerca 80% e 100% de atividade de sequestro dos radicais superóxido e hidroxila, respectivamente. Enquanto SPGb (2,0 mg/mL) não apresentou atividade. Foram produzidos 5 blends (B1; B2; B3; B4; B5) cuja atividade antioxidante foi avaliada e dados indicaram B5 (SPGb:ChrPic; 1:1) como o blend mais potente agente antioxidante. Teste de cometa demonstrou que B5 (0,1 a 0,4 mg/mL) não possui atividade genotóxica. B5 (de 0,1 a 0,4 mg/mL) e SPGb (de 0,02 a 0,05 mg/mL) não foram citotóxico para fibroblastos murínico (3T3) e células de ovário de hamster chinês (CHO-K1). Já ChrPic (0,2 mg/mL) diminuiu em 30% a capacidade das células em reduzir o MTT. Quando células 3T3 foram expostas a H2O2 (5 mM) apresentaram cerca 50% da capacidade de reduzir o MTT em comparação com células não expostas ao peróxido. A presença de H2O2 junto SPGb ou ChrPic fez com a capacidade das células em reduzir o MTT ficasse ainda menor. Por outro lado, a presença de B5 (0,05 mg/mL) protegeu as células da ação do H2O2, já que a redução do MTT por essas células foi de ~100%. Quando as células foram expostas a SPGb, ChrPic ou B5 por 24 h, e posteriormente a H2O2 (5 mM), verificou-se que a presença de SPGb foi incapaz de impedir a diminuição da capacidade das células em reduzir o MTT, enquanto as células expostas a ChrPic (0,025 mg/mL) e B5 (0,05 mg/mL) reduziram 100% o MTT. Em outro experimento, as células foram expostas ao peróxido e posteriormente ficaram expostas a SPGb, ChrPic ou B5 por 24 h. Nesse caso, novamente SPGb não foi efetivo em proteger as células do peróxido, enquanto as células expostas a ChrPic (0,025 mg/mL) e B5 (0,05 mg/mL) reduziram 100% o MTT. Os dados demonstraram que B5 foi o blend com ação antioxidante mais potente, que possui atividade antioxidante maior do que SPGb e atividade semelhante a ChrPic, exceto no teste de exposição das células ao peróxido concomitantemente com B5, quando a atividade de B5 foi 3 vezes superior a de ChrPic. Além disso, B5 não apresentou sinais de citotoxicidade, enquanto ChrPic apresentou. Estes dados apontam B5 como produto a ser utilizado em teste futuros in vivo afim de confirmar a sua ação antioxidante. Assim como, indicá-lo como possível substituinte do ChrPic.