Computação em nuvem; benefícios; limitações; formação de agenda; modelo dos múltiplos fluxos.
A computação em nuvem tem sido considerada como um novo paradigma das organizações, sendo apontada como uma solução para os problemas de infraestrutura, transformando os investimentos de capital em despesas operacionais. A computação em nuvem tem sua estrutura baseada em cinco características essenciais, três modelos de serviço e quatro modelos de implantação propostos pelo NIST. No que se refere a este trabalho, analisa-se a utilização da computação em nuvem no ambiente governamental, posicionando a computação em nuvem dentro da fase de definição de agenda. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender como a computação em nuvem contextualiza-se na agenda governamental e de decisão em TI, à luz do modelo dos múltiplos fluxos, considerando o status atual das políticas públicas de TI, a dinâmica da formação de agenda para a área, a interface entre as diversas instituições, além de identificar as iniciativas vigentes acerca do uso da computação em nuvem no governo. Utilizou-se, como arcabouço teórico para nortear o processo investigativo sobre a formação de agenda, o modelo dos múltiplos fluxos de Kingdon, observando o comportamento do governo em face da definição de problemas, elaboração de propostas ou soluções e as discussões políticas em torno do tema, além de observar a existência de uma janela de oportunidade para a computação em nuvem. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa, que por meio de entrevistas a um grupo de elaboradores de políticas públicas e a outro grupo composto por gestores de TI. No tocante aos principais resultados, destaca-se o excesso de regulamentação para a área, normalmente espalhadas em diversos órgãos do governo federal, o que dificulta a atuação dos gestores. Identificou-se uma falta de conhecimento acerca das normas, programas de governo, regulamentações e diretrizes. Destaca-se também a burocratização do processo de aquisição de bens se serviços de TI, limitando, em muitos casos, o avanço tecnológico. Em relação à influência dos atores, não foi possível identificar a presença de um empreendedor político, bem como percebeu-se uma ausência de força política. O fluxo político foi influenciado apenas pelas mudanças dentro do governo. A fragmentação foi um fator de peso para o enfraquecimento do tema no processo de formação de agenda. A segurança da informação foi questionada por parte dos respondentes que a apontou como principal limitação aliada à falta de capacitação dos servidores públicos. Em termos de benefícios, a economia de recursos aparece em destaque, seguida pela melhoria da eficiência. De fato a discussão sobre a computação em nuvem precisa avançar dentro da esfera pública, considerando que a experiência internacional já está bem mais avançada, enquadrando a computação em nuvem como um elemento responsável pela melhoria dos processos, serviços prestados e economia dos recursos públicos.