Na Primeira parte de seu Assim falou Zaratustra, no discurso Dos desprezadores do corpo Nietzsche assevera que “O corpo é uma grande razão”, assertiva donde ressoam vários e significativos questionamentos no âmbito de sua filosofia: O que é o corpo? A que conduz o corpo? Por que o corpo é uma grande razão? O que torna o corpo uma grande razão? Como atua aquilo que torna o corpo uma grande razão? No contexto daquilo que Nietzsche designa por “fisiopsicologia” (Além de bem e mal, 23), intenta-se aqui identificar, analisar, compreender e explorar o sentido e o alcance dessas ideias e provocações a partir de sua crítica aos “desprezadores do corpo” – tendo em mira, nomeadamente, sua leitura acerca das concepções platônica e cristã a respeito da relação entre corpo e alma –, percorrendo-se uma linha metodológica através da qual vincula os impulsos à “vontade de poder” e adota “o corpo como fio condutor” para alcançar a ideia de “razão poética” e, por fim, a concepção de “Ego fatum “como aquilo que o homem torna-se cumprimento da incessante tarefa de tornar-se o que é e, desse modo, jubilosa, fisiológica e irrestritamente afirmar a vida e a si mesmo em sua integralidade.