NIETZSCHE E DELEUZE: O ETERNO RETORNO COMO PARÓDIA E COMO COLAGEM
Ontologia, Filosofia da Diferença, Eterno Retorno, Transvaloração dos valores.
Gilles Deleuze escreveu comentários sobre vários filósofos, mas a relação que estabeleceu com Nietzsche, tem um papel singularmente importante em seu pensamento: a apropriação conceitual do “eterno retorno” para pensar o eixo central de sua tese, Diferença e repetição, defendida em 1969. Os termos “diferença” e “repetição”, já apareciam em seu Nietzsche et la philosophie de 1962, associados ao eterno retorno. Nosso trabalho toma essas duas obras e o conceito como centrais, e investiga a apropriação deleuzia na. No primeiro momento, analisa as questões de estilo, o aspecto crítico e metodológico, que nos são fundamentais à compreensão da sua interpretação, assim como analisa a primeira exposição do conceito como: existência estética inocente, ou justificada na figura do jogo; a qual exige um “tipo” filosófico afirmativo capaz de criar novos valores. Em um segundo momento, visamos a compreensão desse jogo do eterno retorno, nas implicações ético-seletivas e físico-cosmológicas que dispõe, como: “paródia” ou “simulacro de doutrina”, ou seja, uma transmutação dos valores a partir do remanejamento de perspectivas em torno de compreensões negativas da existência. E por fim, em um terceiro momento, poderemos avaliar em que medida Deleuze, através de sua compreensão do eterno retorno, elabora outra imagem do pensamento, aquela que por uma espécie de “colagem”, no sentido de um trabalho historiográfico para descobrir uma linhagem de pensadores da imanência e da diferença, faz uma crítica ao que chama de “imagem dogmática do pensamento”.