Nietzsche e Rosset: alegria, o impulso à criação
Nietzsche. Rosset. Alegria. Impulso. Criação
Compreendida em um projeto de transvaloração dos valores, a alegria é um dos temas centrais do pensamento de Friedrich Nietzsche e Clément Rosset. Contrapondo-se à tradição metafísica – que a moraliza e a despoja de sua força ao pensá-la como “felicidade”, avaliada, por sua vez, como meta vinculada à virtude e à racionalidade –, estes pensadores propõem uma perspectiva em que a alegria deixa de apontar para uma instância ultramundana e volta-se para a terra, para o corpo. Para além das oposições de valores constitutivas da dogmática metafísica, a alegria e o sofrimento são concebidos como elementos que não se excluem, antes se complementam como fundamentos de uma sabedoria trágica caracterizada por uma ciência gaia(ta), consubstanciada no riso e na amizade. A partir de uma incondicional fidelidade ao real expressa nas fórmulas do amor fati (Nietzsche) e da aprovação irrestrita da existência (Rosset), a alegria é então entrevista como impulso vital, a força maior, a força plástica que incita à criação artística: a alegria de criança brincando.