PODER, NORMA E RESISTÊNCIAS: REPERCUSSÕES FOUCAULTIANAS NA TEORIA DE GÊNERO DE JUDITH BUTLER
Gênero; corpo; resistências; genealogia;
A teoria de gênero desenvolvida por Judith Butler consolidou-se enquanto um marco nos estudos feministas, de gênero e sexualidades. Em suas construções teóricas, a filósofa dialoga com o pensamento de diversos autores, tais como Hegel, Austin, Derrida, Nietzsche, Kristeva e Foucault, sendo sobre as relações da teoria de gênero em Butler com a teorização acerca do poder e das resistências nesse último autor que objetiva deter-se a presente tese. Inicialmente realiza-se um apanhado geral das principais repercussões de diversos autores na obra da filósofa, evidenciado as influências que a teoria da performatividade em Austin e posteriores releituras derridianas; as discussões em torno do reconhecimento em Hegel; a desontologização em Nietzsche; e a abjeção em Kristeva exercem no construto teórico de Judith Butler acerca dos gêneros, corpos e sexualidades. Posteriormente detém-se sobre os diálogos que Butler realiza com as discussões em torno do poder e das resistências em Foucault, num sentido de realização de uma genealogia do gênero enquanto categoria analítica de uma determinada distribuição dos poderes no campo social e político. Nesse sentido, é possível depreender que a concepção foucaultiana de poder permeia as discussões realizadas por Butler no campo dos gêneros, de forma que a filósofa vislumbra o caráter normativo da categoria gênero, bem como encontra nela também as possibilidades de subversão operadas a partir das lutas e resistências exercitadas pelos sujeitos que, a partir da diferença na esfera de sexo-gênero, permitem o questionamento e a modificação do campo simbólico que sustenta as relações de dominação nesse campo.