RELAÇÃO ENTRE OFERTA DE FORÇA DE TRABALHO, SERVIÇOS E INDICADORES DE SAÚDE: UMA ANÁLISE PARA O ESTADO DO TOCANTINS.
Gestão do Trabalho; Trabalho na Saúde; Indicadores da Saúde; Produção de Saúde.
Para o planejamento em saúde, faz-se necessário reconhecer, monitorar, avaliar a dinâmica dos territórios, o processo de produção da saúde e as necessidades sociais de saúde da população. Os indicadores de saúde constituem-se uma das referências para análise da situação de saúde de um determinado território e podem ser utilizados como um instrumento a favor da gestão do trabalho, pois eles são fruto da força de trabalho disposta no território. Objetivo: analisar a relação entre oferta de força de trabalho, serviços e indicadores de saúde para o estado do Tocantins. Métodos: Trata-se de uma pesquisa quantitativa de caráter descritivo de dados secundários do sistema de pactuação do Sistema Único de Saúde do Tocantins. O período de análise compreende janeiro de 2014 a dezembro de 2017. Foram analisados dois eixos: Eixo 1 – Força de Trabalho e Cobertura Assistencial e Eixo 2 – Atenção e Oferta de Serviços. Os indicadores incluídos nesta pesquisa foram: 1) Cobertura Populacional – Equipe de Atenção Básica; 2) Cobertura Populacional – Estimada por equipes de Saúde Bucal. 3) Proporção de internações por condições sensíveis da Atenção Básica; 4) Média de ação coletiva escovação dental supervisionada; 5) Proporção de exodontias em relação aos procedimentos preventivos; 6) Proporção de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal; 7) Mortalidade Infantil; 8) Mortalidade Materna; 9)Razão de exames de citopatológicos do colo de útero em mulheres de 25 a 64 anos e a população etária da mesma faixa etária. Para análise dos indicadores municipais, foram produzidos mapas corolépticos indicando a distribuição dos indicadores de acordo com a intensidade das cores. Para analisar a relação bivariada espacial entre os indicadores foram aplicados o teste de Moran local Bivariado e, para analisar essa relação em uma análise multivariada, foi aplicada a técnica de Skater ou método de regionalização. Resultados: Sobre a Cobertura de Equipe de Saúde Bucal, não houve alteração na oferta no estado do Tocantins, apresentando poucos municípios em situação crítica (com menos de 49,99%). Já as ações de escovação supervisionadas passam por redução de ações ao longo de quatro anos em parte dos municípios do estado. Sobre a proporção de exodontias, eram 28 municípios em 2014 e passou-se para 26 em 2017 na classificação vermelha. Em relação à cobertura de atenção de saúde da família no Tocantins, 127 municípios em 2014; e 126 municípios em 2017 estavam com cobertura de 100%. E, em relação à proporção de Internação por Condições Sensíveis a Atenção Primária, ao longo dos quatro anos houve redução do número de cidades na classificação vermelha e laranja. De 2015 em diante, houve colapso da rede de análise dos materiais coletados para a realização do rastreamento do câncer de colo de útero, demostrando que a disposição de força de trabalho não se traduz na garantia do acesso ao exame em tempo oportuno. Ao longo dos quatro anos houve melhora no acompanhamento do pré-natal, porém houve aumento no número de municípios que registraram óbito materno. No MoranMap, destaca-se a sobreposição da elevada cobertura de atenção básica e o baixo número de óbitos maternos. Esse achado foi corroborado no mapa de Scater, onde o cluster 1 mostra os municípios com elevada cobertura de AB, elevada proporção de realização do pré-natal e as menores taxas de morte materna. Conclusões: foi evidenciado que a oferta da força de trabalho e de serviços está relacionada com os desfechos em saúde. Com isso, a Regulação e a Gestão de Trabalho podem utilizar estes indicadores para apoio técnico com a criação de painéis de alerta, para a discussão sobre gestão e organização do trabalho.