O INTELECTUAL E A CIDADE IMAGINADA: MANOEL DANTAS E A CONSTRUÇÃO DE UMA NATAL DO PORVIR (1900-1923)
Natal; Manoel Dantas; Espaço; Progresso
Esta pesquisa analisa a produção intelectual de Manoel Dantas sobre a cidade de Natal no início do século XX. Essa produção consiste numa série de crônicas, intitulada Coisas da terra, em que abordou alguns aspectos do cotidiano da cidade, e na conferência, Natal d’aqui a cincoenta annos, na qual traçou algumas projeções para o futuro da capital do estado. Consideramos que, em conjunto, esses escritos criaram imagens de Natal em diferentes temporalidades, que eram tentativas para estimular as mudanças que eram vistas como necessárias por Dantas e pelo grupo dirigente do estado ao qual ele se vinculava, os Albuquerque Maranhão e o Partido Republicano. Percebemos ações desse grupo tanto no sentido da transformação material da cidade, quanto no da construção de novas representações sobre ela. Constatamos que os escritos de Manoel Dantas evocavam uma concepção de progresso, ideia que esteve muito presente no pensamento ocidental ao longo do século XIX até o início do século XX. Observamos que, no Rio Grande do Norte, a exemplo de outros lugares no Brasil e no mundo, o progresso esteve ligado a práticas políticas e a ideias como liberdade. Manoel Dantas, inicialmente, associou o progresso a educação. Com o passar do tempo, entretanto, percebemos que os Albuquerque Maranhão passaram a usar o progresso sobretudo em referência às intervenções materiais na cidade de Natal executadas pelos governadores do grupo. Dantas, atuando à frente do jornal A Republica como um intelectual vinculado ao partido, sintetizou e difundiu essa narrativa nos textos que publicou, consolidando a apropriação da ideia de progresso pelos Albuquerque Maranhão.