EM DEFESA DO MUNDO CRISTÃO OCIDENTAL:
GOLBERY, A ESG E O ANTICOMUNISMO
ESG. Geopolítica. Anticomunismo.
O estudo e compreensão do período denominado República Democrática - ou República Liberal - transcorrido entre 1946 e 1964, coloca em evidência um processo político nacional essencialmente afetado pela dinâmica política externa, a Guerra Fria, situação ocorrida após o fim da Segunda Guerra Mundial e que ficou caracterizada pela bipolaridade ideológica com efeitos extensivos a inúmeros outros aspectos, especialmente o militar. No Brasil seguiu-se a tendência de alinhamento com os EUA e contra o bloco composto pela URSS e seus aliados, como denotam os fatos ocorridos já no governo Dutra (1946-1951), quando elementos e instituições associados à ideologia esquerdista vieram a sofrer os efeitos de uma política de Estado claramente hostil à sua atuação. Nesse contexto foi fundada, em 1949, a Escola Superior de Guerra (ESG). A instituição encarregou-se da elaboração de uma Doutrina de Segurança Nacional (DSN) profundamente embasada em questões geopolíticas e, ao mesmo tempo, e de acordo com o pensamento de um dos seus mais influentes integrantes, buscava alinhavar a presença e atuação do Brasil no concerto das nações que estavam alinhadas ideologicamente com os EUA. Nesse sentido, o estudo do pensamento político do general Golbery do Couto e Silva - a partir dos anos 1950 - cuja estrutura foi absorvida e institucionalizada pela ESG e pautou a orientação ideológica da elite das Forças Armadas brasileiras, nos permite perceber a própria ESG como o locus a partir do qual foi construído um discurso que evocava uma tradição “cristã ocidental” e o anticomunismo e, ao mesmo tempo, se elaboravam as diretrizes para a consecução do projeto geopolítico de tornar o Brasil uma nação forte, uma potência; buscava, também, o traçar das linhas gerais do que no decorrer do tempo assumiria a forma de um outro projeto, a chegada ao poder.