Turismo e povos tradicionais: perspectivas territoriais na Comunidade Quilombola do Cumbe/CE
território tradicional; comunidade tradicional; desterritorialização; impactos turísticos
Diante das pressões urbano-industriais que acometem os povos tradicionais e a inclinação turística de tais territórios, buscou-se compreender a relação do turismo com os processos territoriais de um povo tradicional. Destarte, objetivou-se inicialmente compreender a desterritorialização desencadeada pela modernização e a influência do turismo em tal processo. Para este fim, foram realizados três fieldworks e aplicação de entrevistas na Comunidade Quilombola do Cumbe, no município de Aracati/CE. Observou-se, assim, que a constatação de impactos decorrentes da atividade turística são resultados da mercantilização da prática e inclusão desta no modo capitalista de produção. Visando, portanto, exclusivamente a acumulação de capital, negligencia o desenvolvimento social e intensifica os processos desterritorializantes desencadeados na comunidade pelos grandes empreendimentos através da exclusão e privação territorial do povo tradicional investigado. Logo, sendo, a desterritorialização um dos principais imbróglios na Comunidade do Cumbe, as expectativas e demandas que baseiam o turismo comunitário da região são pautadas na resistência e defesa do ambiente biofísico. A atividade turística transforma-se, assim, em um instrumento atenuante dos processos de privação, exclusão e precarização territorial. As informações obtidas ressaltam a importância da atuação da comunidade frente aos projetos instalados nos territórios tradicionais, sendo o protagonismo comunitário um meio de possibilitar a manutenção dos sistemas ambientais de subsistência e ancestralidade.