Equidade e Rede de Cuidado: as trajetórias de mulheres negras egressas do sistema prisional
Encarceramento. Mulheres Negras. Egressas do Sistema Prisional. Cuidado em Saúde.
No Brasil, atualmente, temos aproximadamente 832.295 mil pessoas em situação de privação e/ou restrição de liberdade. No que se refere as pessoas egressas do sistema prisional, torna-se quase impossível mensurar o quantitativo da população pela ausência de dados. As mulheres correspondem a cerca de 5% de pessoas em situação de privação e/ou restrição de liberdade, no entanto, cabe salientar que estas, apesar de relativamente poucas, estão inseridas em processos que demarcam uma maior banalização da vida e maior violação dos direitos humanos, tendo em vista que, são alcançadas pelas interseccionalidades das opressões estruturais (classe social, identidade de gênero, raça/cor, orientação sexual, lugar de origem, dentre outas.). Assim, a saída do cárcere configura-se também como processo de manutenção da privação, de atributos adquiridos pelo estigma social e de violações de direitos sociais e não acesso a bens e a serviços. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo analisar o acesso de mulheres negras egressas do sistema prisional às redes intersetoriais de cuidado. Para tanto, adotamos como abordagem analítica o método histórico dialético. Faz-se necessário apontar que, o referido método dialogará com a técnica de observação participante e a técnica de entrevista nos moldes da história de vida, a partir da análise das narrativas de cinco mulheres egressas do sistema prisional. O cenário de análise escolhido foi o Escritório Social da Paraíba, serviço público, responsável pelo acolhimento e acompanhamento de pessoas pré-egressas e egressas do sistema prisional, bem como, às suas famílias e tem como finalidade viabilizar acesso a direitos sociais, com o intuito de romper com o ciclo da violência . Apontamos com este trabalho, a escassez de estudo no campo da Saúde Coletiva no que se refere ao processo saúde-doença e cuidado das pessoas privadas de liberdade e, sobretudo, das mulheres egressas do sistema prisional. Ademais, que as opressões estruturais da sociedade brasileira, mantidas na lógica aprisionante-manicomial, são reflexões da articulação capitalismo-colonialismo-racismo-sexismo praticadas e renovadas nas instituições sociais, como a instituição saúde.