MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM IDOSOS NO BRASIL
Estudos de Séries Temporais. Envelhecimento. Atenção Primária à Saúde. Senescência. Senilidade.
O envelhecimento humano pode ser compreendido como um artifício comum, dinâmico e progressivo onde advêm várias modificações fisiológicas, morfológicas, físicas, bioquímicas e psicológicas que ocorrem continuamente ao longo do tempo. Contudo, nesse processo há duas fases que merecem compreensão: senescência e senilidade. A primeira, diz respeito ao processo de envelhecimento onde ocorre uma série de transformações fisiológicas naturais e está atrelada à idade e não representa doença, enquanto a segunda está associada a eventos patológicos, os quais são responsáveis por ocasionar gradualmente um declínio no funcionamento dos sistemas corporais. A transição epidemiológica trouxe modificações quanto às principais causas de morbimortalidade entre os idosos, diminuindo o número de mortes por doenças infecciosas e parasitárias e aumentando a mortalidade por eventos violentos, ou seja, as causas externas. Estas podem ser entendidas como fenômenos do meio externo que através de um efeito, seja ele gradiente de força, químico ou radioativo são capazes de gerar dano ao organismo humano com vários efeitos indesejáveis, como incapacidades física e neurológica, ou até mesmo, a morte do indivíduo. Atualmente são um relevante problema de saúde pública, pois geram impactos na qualidade de vida dos indivíduos e ocasionam hospitalização e/ou reabilitação, invalidez ou morte. No entanto, tratam-se de eventos preveníveis que podem ser evitados, possuindo a rede de Atenção Primária à Saúde um papel fundamental, eficaz e eficiente na atuação sobre as principais causas e problemas de saúde, como é o caso das causas externas. Isto requer um atendimento qualificado da Atenção Primária à Saúde, que precisa receber investimentos para a capacitação dos profissionais, fazendo com que estes fiquem aptos a reconhecer a grupos vulneráveis, como é o caso dos idosos. Assim, esta dissertação tem como objetivo investigar a mortalidade por causas externas em idosos no Brasil. Foram realizados dois estudos, o primeiro foi um estudo do tipo ecológico com uso de dados secundários, o qual objetivou analisar a tendência de mortalidade por causas externas em idosos no Brasil no intervalo temporal entre os anos 2000 a 2019. E o segundo estudo trata-se de um protocolo de revisão de escopo cujo objetivo é mapear e descrever as evidências científicas sobre a atuação da Atenção Primária à Saúde frente à mortalidade por causas externas em idosos, o qual encontra-se baseado no Manual de Revisão do Joanna Briggs Institute, de 2015. O primeiro estudo evidenciou tendência de aumento nas taxas de mortalidade por causas externas em idosos no Brasil no período estudado. O intervalo entre os anos 2000 e 2014 foi o período em que os coeficientes de mortalidade por causas externas em idosos mais se elevaram, com uma variação percentual anual média (APC) de 1,83 (IC95%: 1,6; 2,0). O segundo estudo visa apresentar as principais evidências das pesquisas sobre o tema, permitindo a identificação de lacunas na literatura, podendo nortear ações para o enfrentamento das causas externas em idosos pela Atenção Primária à Saúde.