ACESSO AO EXAME PAPANICOLAU ENTRE MULHERES NEGRAS COMPARADA A OUTRAS RAÇAS/ETNIAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE
Teste de Papanicolau. Mulheres. Raça. Condições de saúde de grupos étnicos. Epidemiologia. Revisão sistemática. Metanálise.
Introdução: O exame Papanicolau está entre as medidas mais eficazes para o rastreamento do câncer de colo uterino. Seu uso generalizado de rastreamento citológico deriva de sua facilidade, custo-benefício e capacidade de identificar doenças pré-malignas. Estudos mostram que entre as minorias raciais há um aumento da mortalidade por câncer de colo uterino, devido às disparidades no rastreamento, que vai desde a dificuldade do acesso ao serviço às informações básicas de saúde. Objetivo: identificar a prevalência de acesso ao exame Papanicolau entre mulheres negras em comparação as outras raças/etnias em uma revisão sistemática e identificar a magnitude desta associação em uma metanálise. Metodologia: O protocolo desta revisão está cadastrado na plataforma PROSPERO sob número CRD42021251764. As buscas foram realizadas nas bases de dados PubMed, Web of Science, Lilacs, Scopus, Cinahl, além da busca no Google Scholar e Open Grey, usando os Mesh terms “ethnic groups”, “race factors”, “papanicolaou test”, “prevalence”, “papanicolaou smear”,“Transversal studies”. Para elegibilidade, foram incluídos estudos transversais que apresentaram o acesso das mulheres ao exame Papanicolau. A qualidade dos estudos e o risco de viés foram analisadas utilizando o instrumento Joanna Briggs Critical Appraisal Checklist for Analytical Cross-Sectional Studies. Os dados extraídos foram tabulados e analisados de forma qualitativa e quantitativa por meio de metanálise (Review Manager). Foi utilizado o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis) como guia de escrita. Resultados: A revisão resultou em 29 estudos transversais que analisaram a prevalência do acesso ao exame Papanicolau a partir do critério raça/etnia. A prevalência do acesso na raça negra variou de 10,3% a 90,60% e entre as brancas variou de 14% a 89,47%. Entre as mulheres asiáticas variou de 2,56% a 76,3% e entre as hispânicas foi de 21,8% a 92.3%. Em relação à raça, as maiores chances de realizar o Papanicolau esteve associado às mulheres brancas OR=2,49 (IC95% 1,12-4,54) e hispânicas (OR= 2,08; IC 95% 1,96-2,21) quando comparadas as negras. Os resultados da metanálise mostram que o acesso ao exame Papanicolau é menor entre as negras quando comparada as brancas (OR=0,61; IC 95% 0,43-0,86). Porém, quando comparada a outras etnias (exceto branca), não houve diferença significativa (OR=1,39; IC 95% 0,82- 2,35). Considerações finais: A raça ainda é um fator importante para determinação do acesso ao exame Papanicolau. Os resultados mostraram disparidades na prevalência do acesso quando compara-se as mulheres negras e brancas. A dificuldade de acesso, atrelada a falta de conhecimento sobre a necessidade de realização do exame e a falta de orientação para a sua execução, representam um risco para a não adesão ao programa preventivo.