SIMULTANEIDADE DE COMPORTAMENTOS DE RISCOS À SAÚDE EM ADOLESCENTES BRASILEIROS DE ACORDO COM A RAÇA/COR DA PELE
Adolescentes; Saúde do Adolescente; Fatores de Risco; Grupos Étnicos; Raça e Saúde; Desigualdades Sociais; Levantamentos epidemiológios
Introdução: a adolescência é uma etapa complexa de transformações biopsicossociais e os comportamentos de risco fomentados nesta fase apresentam tendência de permanecer na vida adulta. O uso de álcool, o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo são fatores que quando começados na adolescência se relacionam à saúde de adultos e estão associados com o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ao longo da vida. E os indivíduos que vivem em precárias situações socioeconômicas têm piores condições de saúde, havendo ainda, maior desvantagem por sexo, etnia, e escolaridade, entre outros. E no Brasil, a raça/cor da pele é um marcador de disparidades sociais, sendo considerado um preditor de desfechos em saúde. Objetivo: analisar a simultaneidade de comportamentos de riscos à saúde de adolescentes brasileiros de acordo com a raça ou cor da pele. Métodos: estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2015). A amostra do estudo foi de 102.301 participantes e foi analisada a simultaneidade dos fatores de risco (inatividade física, consumo precário de frutas, legumes e vegetais, consumo de álcool e cigarro) por diferenças de raça/cor. Procedeu-se ao cálculo da razão de prevalências (RP) bruta e ajustadas, com respectivos intervalos de confiança de 95% e valores de p, através da Regressão de Poisson, em uma análise ajustada por sexo, idade e escolaridade da mãe. Resultados: No ano de 2015, foram entrevistados 102.301 escolares, 43,05% dos quais se declararam pardos, 36,14% brancos, 13,38% pretos, 4,11% amarelos e 3,29% indígenas. Na amostra, a prevalência da inatividade física foi de 38,42% (IC95% 37,9-38,95), do uso do cigarro foi de 5,55% (IC95% 5,29-5,83), do consumo precário foi de 80,68% (IC95% 80,24-81,12) e do uso do álcool foi de 23,78% (IC95% 23,31-24,25).A prevalência da simultaneidade dos quatro fatores de risco entre adolescentes foi de 1,43% (IC95% 1,29-1,58) e a simultaneidade mais frequente foi a inatividade física e o consumo precário de frutas, legumes e vegetais (25,11% IC95% 24,64-25,58). A prevalência da simultaneidade dos quatro fatores foi maior entre os indígenas (RP 1,77; IC95% 1,00-3,13) e a combinação entre inatividade física, uso de álcool e cigarro foi significativo entre os pardos (RP 2,11; IC95% 1,05-4,24) quando comparados aos de cor da pele branca. Conclusões: houve maior prevalência da simultaneidade fatores de risco para condições crônicas entre os autodeclarados pardos e indígenas quando comparados com os adolescentes de cor da pele branca. Esta iniquidade pode ser reflexo da estrutura social injusta presente ao longo do processo histórico brasileiro, e esse quadro poderá impactar nas condições de saúde nos ciclos de vida dessas populações.