VIVÊNCIA INTEGRADA NA COMUNIDADE: IMPLICAÇÕES DE UM INTERNATO LONGITUDINAL NA FORMAÇÃO MÉDICA
Currículo. Educação médica. Diretrizes Curriculares Nacionais. Programa Mais Médicos. Internato longitudinal.
I
O modelo de ensino superior ofertado na área saúde, em especial a do profissional médico, vem apontando a formação como insuficiente ou incapaz de alcançar uma assistência à saúde que seja resolutiva e em consonância com Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, políticas públicas nos campos da saúde e educação vêm estimulando mudanças fundamentais pelas quais as instituições de ensino superior caminham reestruturando seus Projetos Pedagógicos Curriculares, suas propostas metodológicas e na inserção precoce dos estudantes em cenários de prática no SUS. A Escola Multicampi Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM/UFRN), alicerça o processo ensino aprendizagem em metodologias ativas e com a inserção longitudinal dos estudantes de medicina na rede de saúde pública de municípios do interior do RN – Caicó, Currais Novos e Santa Cruz através dos módulos Vivência Integrada na Comunidade (VIC). Objetivo: Compreender a percepção dos estudantes do 1o ao 8o período do curso de medicina da EMCM acerca do papel formativo das VIC e como tal estratégia pode impactar sua futura prática profissional. Método: Trata-se de estudo descritivo, exploratório de abordagem qualitativa. A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas individualmente com 25 estudantes do curso de medicina matriculados em um dos sete módulos VIC e que realizassem suas atividades no município de Santa Cruz. Para análise dos dados foi utilizada a Análise de Conteúdo de Bardin, da qual emergiram cinco categorias, a saber: i) A formação Baseada na Comunidade inseridas nas Redes de Atenção à Saúde como mudança de paradigmas; ii) A diferença em aprender pela teoria e pela prática na realidade; iii) O trabalho interprofissional na formação médica; e iv) A busca pela especialidade como sequelas de uma cultura biomédica. Resultados: Foi elencado que os estudantes reconhecem as VIC enquanto experiências práticas que proporcionam o contato com os serviços de saúde, valorizando a Atenção Primária à Saúde. Nesta imersão, os(as) estudantes experimentam o trabalho interprofissional e passam a compreender o sentido de Rede de Atenção à Saúde. Apesar dos benefícios educacionais, foi apontado fragilidades do SUS no município e entraves na articulação entre serviços, preceptores, gestão e a instituição de ensino. Conclusões: Fica explicito que a inserção precoce dos estudantes nos cenários de prática do SUS é percebida como fundamental na formação, para que a prática médica futura seja condizente com as necessidades de saúde local. Persistem problemáticas herdadas do modelo biologicista de atenção à saúde que se relacionam tanto com a idealização da prática profissional dos estudantes quanto com a postura de preceptores médicos que atuam de acordo com o modelo biomédico culminando em dificuldades de atuação que lide com o conceito ampliado de saúde. A EMCM tem um potencial transformador e estudos sobre a implementação de sua proposta de ensino devem ser realizados afim de avaliar o processo evolutivo de suas metas.