Zika vírus, Microcefalia, Família, CIF, Criança.
INTRODUÇÃO: O percurso do ZIKV no Brasil foi de uma doença benigna até o período em que houve o aumento dos casos de recém-nascidos com a Síndrome Congênita do Zika no Nordeste em 2015. Em novembro daquele ano, com a alteração do padrão epidemiológico, o Ministério da saúde (MS) declarou emergência em saúde pública de importância nacional. Três meses após, o MS inseriu as doenças decorrentes do ZIKV na lista de notificação compulsória. E em fevereiro de 2016 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública e de interesse internacional. Sabendo que as crianças com a SCZ apresentarão, possivelmente, deficiências físicas, mentais, intelectuais e/ou sensoriais desde a infância e ao longo da vida e que terão de enfrentar várias barreiras, elas poderão ter sua participação plena e efetiva na sociedade prejudicada e, assim, a prática profissional deve ser orientada no modelo da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) que surge como uma ferramenta relevante na gestão da deficiência e fundamentada na funcionalidade humana, auxiliando na classificação das condições de vida e na promoção de políticas de inclusão social. OBJETIVO: Compreender as percepções dos pais de crianças com a SCZ em relação as barreiras e facilitadores do ambiente físico, social e das atitudes e como estas influenciam na participação em atividades. MÉTODOS: estudo de natureza exploratória-descritiva, desenvolvida a partir da abordagem qualitativa, influenciada pelos estudos fenomenológicos no campo das Ciências Sociais em saúde. Para coleta de dados foram utilizadas a técnica do grupo focal e entrevista semiestruturada. RESULTADOS: Da análise temática das narrativas coletadas evidenciaram-se três categorias: Funções e estruturas do corpo: “Tem muita vontade de andar, tem muita vontade de falar”; atividades e participação das crianças com SCZ: “Eu sou mãe e entendo tudo que ele quer só em olhar”; barreiras do ambiente social: “Os serviços de saúde da minha cidade é meio precário. As narrativas desse estudo reforçam que as políticas governamentais devem ser pautadas no modelo biopsicossocial da CIF uma ferramenta fundamentada na funcionalidade humana, tornando-se extremamente relevante na gestão da deficiência e no cuidado centrado na família, com melhorias no acesso a atenção especializada em saúde, além de garantir a redução das barreiras sociais para inserção e interação social das crianças com SCZ. Por isso, é legítimo que se trate esse conjunto de problemas como uma emergência de saúde pública em conexões entre padrões econômicos, sociais e culturais e o adoecer, uma vez que a SCZ se mostra relacionadas às múltiplas vulnerabilidades e complexidade desta deficiência.