VIOLÊNCIA NO TRABALHO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE SANTA CRUZ/RN
Violência na escola. Violência contra professor. Prevenção de violência escolar. Saúde do trabalhador.
Considerada uma problemática de amplitude global, a violência escolar, se apresenta de várias formas, envolvendo diferentes sujeitos, como visto na mídia e no meio social. No entanto, percebe-se que a vitimização sofrida pelo docente tem tido pouca visibilidade no contexto da literatura científica. O objetivo geral deste estudo consistiu em investigar o fenômeno da violência no trabalho de professores que atuam na educação básica de Santa Cruz, Rio Grande do Norte. Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva de abordagem mista, realizado no referido município, cuja coleta de dados ocorreu entre dezembro de 2017 a abril de 2018, em duas fases. A primeira, de abordagem quantitativa, compreendeu a aplicação dos seguintes instrumentos, Perfil sóciodemográfico e ocupacional e do QIPVE – versão do professor, resultando em uma amostra de 164 participantes. A segunda, qualitativa, foi realizada por meio de Grupos Focais (GFs) desenvolvidos em 03 instituições, totalizando 27 profissionais. Os dados quantitativos foram tabulados e analisados pela estatística descritiva com o auxílio do software SPSS versão 21.0, aplicando-se o Teste Qui-quadrado de acordo com as possibilidades. Já os qualitativos, processados no Iramuteq e associado à Análise de Conteúdo. Constatou-se que a maioria dos entrevistados era adulto jovem, do gênero feminino, casado ou com qualquer forma de união, possuía nível educacional superior, tinha filho, lecionava em uma escola, encontrava-se atuando nas esferas públicas, com jornada de trabalho de 30 horas/semanais e apresentava tempo mediano de docência de 10 anos. De modo geral, os dados apontam que embora a violência atual sofrida diretamente pelo docente não tenha tido proporções expressivas nos grupos, público e privado, nota-se estar presente no ambiente de trabalho, independentemente de qual rede de ensino esse profissional faça parte, evidenciando que ambos os grupos apresentam, entre si, muito mais características comuns do que diferenças, sendo possível identificar algumas dissemelhanças entre eles. Logo, observa-se terem sido significativamente maiores para os trabalhadores da rede privada, as seguintes questões: 78,4% referiram não ter havido consumo de drogas ilícitas nas escolas e nem tráfico de drogas; 91,9% afirmaram a inexistência de gangues; 80% não presenciaram ameaças entre alunos e 73% negaram ter testemunhado agressões físicas entre alunos. Porém, em se tratando da presença de xingamentos e/ou apelidos diários entre alunos, verifica-se ter sido mais frequente no grupo de professores da rede pública, equivalente a 79%, podendo-se inferir que o clima escolar tende ser mais tranquilo na rede privada. Do material obtido com os GFs surgiram sete categorias: Concepções dos docentes acerca da violência escolar, Violência contra professores: uma realidade?, Enfrentamento, Somatização da violência, Fatores relacionados à violência sofrida pelo docente; A ameaça nos relatos de professores e Des (motivação) no ser/estar professor, possibilitando maior compreensão acerca do fenômeno. Esse trabalho mostra que a vitimização está presente no exercício do magistério, podendo trazer efeitos a sua qualidade de vida. Faz-se necessário, buscar medidas interventivas que corroborem com a prevenção, promoção da saúde e também assistência aos docentes em situação de violência. Espera-se que os resultados possam contribuir com melhorias na perspectiva de proporcionar um ambiente laboral satisfatório.